Rosberg aproxima-se de Hamilton em prova atribulada

Foi um fim-de-semana agitado, pleno de emoções, invulgar até e como há muito não se via no Mundial de Fórmula 1! É verdade que os detractores poderão dizer que o G.P. da Bélgica acabou como quase todos os outros, com uma vitória dominadora de um Mercedes, desta vez o mais que esperado triunfo de Nico Rosberg, dado que Hamilton saía do final da grelha…

Mas a corrida belga e, no geral, todo o fim-de-semana, foi tudo menos aborrecido! Começou logo por essa coisa extraordinária de Spa-Francorchamps ter três dias seguidos de calor tórrido e sem pinga de chuva que até baralhou os planos às equipas, a braços com um desgaste muito superior dos pneus ao que tinham imaginado. Continuou com o tom laranja que cobriu as bancadas, pela invasão de holandeses (estimada em vinte mil!), rendidos ao talento despontante de Max Verstappen.

Prosseguiu com a estreia de Esteban Ocon na Manor (foto ao lado) e com o regresso, nos primeiros treinos livres, das experiências com a estrutura em halo que a FIA poderá mesmo adoptar, em 2018, para proteger os habitáculos. E que Rosberg (Mercedes), Ricciardo (Red Bull), Hulkenberg (Force India) e Sainz (Toro Rosso) experimentaram sem colocarem grandes obstáculos à sua utilização.

Por fim, rendido à inevitabilidade de ter de penalizar lugares na grelha por já estar no limite dos cinco componentes utilizados (turbo e MGU-H) no seu motor, assistiu-se à "ida às compras" de Lewis Hamilton. Penalizar por penalizar, e numa pista onde, à partida, o Mercedes conseguiria ultrapassar bem, então o piloto da Mercedes usou uma estratégia radical: "açambarcou" três motores novos que lhe ficarão no "armazém" até ao final do ano, somando um total de 55 lugares de penalização, a que juntaria mais 5 por montar uma caixa nova. Assim como assim, do final da grelha não passaria e ficava com mecânicas frescas para… "dar e vender"!

Rosberg arrancou bem e fugiu mesmo a tempo da confusão que se armou, como é habitual, no gancho de La Source, deixando "fora de jogo" os dois Ferrari de Vettel e Raikkonen e o "queridinho das bancadas", Max Verstappen que se tornara o mais jovem de sempre a qualificar-se na 1.ª linha da grelha, batendo um recorde com 55 anos! – Ricardo Rodriguez, no G.P. de Itália de 1961.

Para desgosto da "torcida" holandesa, Verstappen só faria disparates nessa primeira volta – pareceu sofrer da pressão de correr perante os "seus", como sucedera a Kvyat na Rússia… mas dificilmente será despromovido à Toro Rosso! –, ficando definitivamente fora da discussão dos primeiros lugares.

Hamilton e Alonso (que também largara do fim da grelha) iam subindo pelotão acima, até a corrida ser parada, após o violentíssimo despiste de Magnussen que desfez o Renault no topo do Raidillon. O dinamarquês pode dar-se por feliz de só ter saído com um corte num tornozelo!

Retomada a prova, Rosberg voltou a ir-se embora e Ricciardo (Red Bull) controlou sempre bem a aproximação de Hamilton que, pela terceira vez na sua carreira, conseguiu chegar ao pódio depois de sair de vigésimo ou mais atrás! Mais importante, limitou as perdas para Rosberg a dez pontos, mantendo o comando do Mundial com nove de avanço. "Sair daqui tendo perdido apenas dez pontos e com mais três motores frescos é um autêntico bónus!", exclamaria o campeão do Mundo.

Nico Rosberg regressou às vitórias, é verdade, e procurava mostrar-se satisfeito com isso e com a forma dominadora como tinha passado por Spa. Mas o seu sorriso tinha algo de amarelado, ao olhar para o seu lado esquerdo no pódio e ver o principal rival na luta pelo título… que tinha largado de penúltimo! "Não haverá forma de me livrar deste tipo?", terá pensado, quando perspectiva novo combate, já no próximo fim-de-semana, na "catedral da velocidade", em Monza, no G.P. de Itália.