No dia 14 de Agosto de 2014 foi vendido por 28,5 milhões de euros um Ferrari 250 GTO de 1962. É um recorde, mas os especialistas esperavam mais...
A Berlinetta 250 GTO motivou uma verdadeira guerra no leilão realizado pela Bonhams em Carmel, no estado americano da Florida, e atingiu 28,5 milhões de euros, tornando-se no automóvel mais caro a ser vendido por uma leiloeira. Ultrapassou largamente o recorde anterior (13,8 milhões de euros) obtido na transacção do Mercedes W 196R de Fórmula 1, utilizado por Juan Manuel Fangio em 1954. No entanto, os especialistas esperavam mais, porque o Ferrari 250 GTO é um dos carros mais cobiçados do mundo e nos "mentideros" fala-se que transacções particulares deste modelo já atingiram valores próximos (ou superiores) aos 60 milhões de euros.
Não é fácil explicar o fascínio que este coupé desperta ao longo das gerações. Há quem o considere como um dos mais bonitos automóveis de sempre, mas mesmo aqueles que têm opiniões divergentes admitem que este desportivo é um dos mais marcantes na história do automóvel e também um dos mais exclusivos, porque apenas foram produzidas 39 unidades.
A sigla GTO refere que se trata de um Grande Turismo "Omologato", o que equivale a dizer que foi projectado para ser homologado para a competição, numa altura em que os campeonatos de GTs rivalizavam em popularidade com a Fórmula 1. Não há a certeza sobre a autoria do desenho (pode ter sido Pinin Farina) mas é seguro que foi construído pela Scaglietti. Estes eram dois dos colaboradores externos mais próximos (e amigos) de Enzo Ferrari. Pode haver algumas lacunas históricas na génese do GTO, mas os resultados falam por si: dominou o Campeonato do Mundo entre 1962 e 1964.
O modelo leiloado em Carmel foi o 18º chassis a ser produzido e tinha o número 3851GT. Foi vendido para França e entregue no dia 11 de Setembro de 1962. Nessa altura era pintado de cinzento metalizado e tinha uma risca longitudinal com as três cores da bandeira francesa. Foi utilizado por Jo Schlesser, o pai de Jean-Louis Schlesser, que teve um violento acidente no circuito de Montlhéry, perto de Paris. Depois de reconstruído, foi vendido para Itália onde em 1963 e 1964 teve dois proprietários que o utilizaram em competição, mas no ano seguinte deixou as pistas para ser um automóvel de estrada.
Foi adquirido por Fabrizio Violati, um jovem apaixonado pelo desporto automóvel em geral e pela Ferrari em particular. Não se sabe quanto pagou, mas foi certamente muito dinheiro apesar de o negócio ter sido feito às escondidas da família.
"Por isso, nessa época quase só saía com ele à noite para ninguém me ver...", como ele próprio chegou a admitir. Herdeiro de uma família ligada à agricultura e ao engarrafamento de água mineral, quando assumiu o controlo dos negócios utilizou o Ferrari GTO e outros modelos que foi reunindo em provas de clássicos e criou a Maranello Rosso Collection, que funcionou como museu na República de São Marino até à sua morte em 2010. O desaparecimento do homem desmembrou a colecção que criou ao longo de uma vida de 74 anos.