As origens do Rali de Portugal vêm do tempo em que a prova era tão simplesmente o "TAP". Tudo começou com um rali destinado aos empregados da companhia aérea nacional, organizada por Alfredo César Torres, que na altura mantinha a sua actividade como piloto de ralis.
A prova cresceu, transformou-se e na sua edição de 1966 contou com a nata dos pilotos nacionais. Durante a entrega de prémios, o engenheiro Vaz Pinto, então presidente da TAP, mostrou a intenção de dar um carácter internacional ao rali, pelo que entre 5 a 8 de Outubro de 1967 estava na estrada a primeira edição do Rali Internacional TAP.
No jornal "Motor" de 12 de Outubro de 1967, Baptista dos Santos escreveu que
"muito embora César Torres tenha afirmado que se baseou este I Rali Internacional TAP no último modelo das "Voltas a Portugal", somos da opinião que foi muito mais longe, na medida em que soube tornar actual um rali extenso, capaz de interessar quer veteranos ou profissionais, quer os que são simplesmente amadores. Hoje tem-se a ideia da inutilidade de esgotar fisicamente os concorrentes, fazendo-os conduzir no limite da sua capacidade de resistência. César Torres soube alternar um relativo repouso, com períodos de duríssima competição".
Tudo isto é relativo: nessa altura, os ralis eram verdadeiras maratonas onde os concorrentes pouco ou nenhum tempo tinham para descansar. Senão, veja-se: o percurso de concentração começou em várias cidades da Europa e todos convergiram para a cidade espanhola de San Sebastian, onde tiveram início os 2 322 km do Percurso Comum, dividido em seis etapas.
A primeira etapa terminou na Guarda. A segunda seguiu pela Serra da Estela, passou pelo Caramulo, Lousã e Góis-Arganil, Castelo de Paiva e Amarante, antes de chegar a Viana do Castelo. Foi uma ligação demolidora onde desistiram 32 concorrentes.
As três etapas seguintes ligaram Viana do Castelo a Porto de Mós e daí a S. Pedro de Moel, antes de a prova rumar a Lisboa. Depois de cerca de dois mil quilómetros, faltava ainda a derradeira etapa com 362 km (que incluía um terço dos controlos horários, a maioria dos quais bastante difíceis de cumprir dentro dos 30 minutos de tolerância por atraso) e as duas provas de classificação no Alto da Mula (Lago Azul).
A desistência de Francisco Romãozinho (Cooper S) deixou Jean-Pierre Nicolas (Renault R8 Gordini) mais à vontade, mas o francês também ficou pelo caminho com problemas na caixa de velocidades. José Carpinteiro Albino/Silva Pereira assumiram o comando e garantiram a vitória no I Rali Internacional TAP.
Em 1970, o "TAP" integrou o Campeonato da Europa de Ralis.
"A prova portuguesa no curto espaço de três anos alcançou um justificado prestígio nos meios automobilísticos europeus, participar no TAP é um desejo generalizado dos pilotos mais famosos (...).
O problema insólito do Rali reside agora em que temos uma prova a um nível consideravelmente superior ao que vale o nosso automobilismo", escrevia Avelãs Coelho, na edição do "Motor" de 1 de Outubro de 1970.
Era assim nessa altura, continuou a ser assim em 1973 quando o TAP integrou o Campeonato do Mundo de Ralis para se afirmar como o "Melhor Rali do Mundo", nos tempos de Alfredo César Torres. Mas agora a situação ainda é pior do que nesses tempos...