O cinzento prata é hoje vista como a cor oficial da Mercedes. É uma herança dos "Silver Arrows" (setas de prata) que fizeram história nos anos 30, mas é fruto do acaso....
A história começou a 27 de Maio de 1934 no circuito de Avus, onde foi visto o primeiro Mercedes W25 equipado com um motor turbo de oito cilindros em linha e 340 cv de potência, que chegava aos 280 km/h. Foi a resposta da marca alemã à alteração do regulamento desportivo das corridas de Grand Prix que passara a impor um peso máximo de 750 kg.
A estreia em Avus acabou por ser adiada devido a problemas técnicos que impediram os W25 de alinhar à partida e só aconteceu em Nurburgring, no grande circuito das montanhas de Eifel. Na sua segunda saída das oficinas, novos problemas de última hora quase voltaram a impedir a presença dos monolugares da Mercedes na prova.
Durante as verificações técnicas, os W 25 acusaram mais um quilograma do que o permitido, apesar da equipa ter tentado tudo para os emagrecer, retirando o estofo do banco do condutor, e fazendo furos na carroçaria. Foi então que Alfred Neubauer, o carismático director desportivo da equipa, tomou uma medida radical. Durante a noite, mandou remover a pintura branca, a cor oficial do Automóvel Clube da Alemanha, e lixar a carroçaria que na manhã seguinte se apresentou com a chapa a brilhar.
Quando o W 25 voltou à balança, pesava os 750 kg regulamentares: alinhou à partida e Manfred von Brauchitsch garantiu a vitória.
"Acreditem-me, ninguém pode esquecer uma experiência como aquela. Quando estávamos para ficar fora da nossa primeira grande corrida – e era isso que a prova em Eifel representava para mim –, conseguimos aquela grande vitória", recordou anos mais tarde o piloto alemão que esteve na origem da saga dos "Silver Arrows".
A partir daí, a equipa liderada por Alfred Neubauer deixou de lado a pintura branca que identificava a Alemanha nas pistas, passando a coleccionar vitórias com pilotos como Brauchitsch, Rudolf Caracciola, Luigi Fagioli, Hans Geier e Hernest Henne. Em 1935, uma versão evoluída e mais potente do W25, venceu nove das 11 corridas de Grand Prix em que participou, o que permitiu a Rudolf Caracciola ganhar o Campeonato da Europa, o equivalente na época ao actual Campeonato do Mundo de Fórmula 1.