O engenheiro Mauro Forghieri marcou uma era na Scuderia Ferrari. O engenheiro mecânico, nascido em Modena a 13 de Janeiro de 1935, é filho de um operário da Ferrari. Chegou a Maranello ainda jovem para trabalhar no Departamento Técnico onde pontificava Carlo Chiti, as relações entre o velho engenheiro e o jovem recém-chegado nunca foram as melhores.
Mas a 30 de Outubro de 1961 a vida de Mauro Forghieri mudou radicalmente. Chiti deixou Maranello e Enzo Ferrari promoveu o jovem a responsável da actividade desportiva da Scuderia. Rapidamente a Scuderia adoptou as estruturas monobloco que faziam a diferença nos monolugares ingleses e, ao mesmo tempo, os chassis tubulares revestidos a painéis de alumínio.
Mauro Forghieri está directamente ligado aos sucessos desportivos do Ferrari GTO ou ao Ferrari 250 P, o primeiro modelo com motor traseiro utilizado pela Scuderia para vencer as 24 Horas de Le Mans em 1963. Mas, apesar de modelos míticos como o P4, as coisas não correram da melhor forma para a Ferrari, nem no campeonato de Sport nem na F1, onde depois do título de John Surtees em 1964 começou um longo jejum. O engenheiro acabou por ser posto em causa, chegando mesmo a ceder a liderança do Departamento Técnico a Sandro Colombo, para se concentrar ao "Ufficio Studi Avanzati".
Depois do insucesso de Sandro Colombo, Forghieri regressou à liderança da "Gestione Sportiva" e lançou as bases do 312 B3/74 que permitiu a Clay Regazzoni discutir o título com o McLaren M23 de Fittipaldi e serviu de base para o 312 T de 1975 equipado com um motor 3.0 V12 boxer de 12 cilindros, com a caixa de velocidades montada em posição transversal.
Simpático, extrovertido e autoritário são formas utilizadas pelos que lhe estavam próximos. São conhecidas muitas polémicas que criou na fábrica ou nas boxes, quando assumia decisões sem consultar ninguém. Por isso as suas relações com Luca di Montezemolo, o então director desportivo da Ferrari, nunca foram totalmente pacíficas. Mauro Forghieri chegou a afirmar:
"Ele que faça o seu trabalho de director desportivo, que eu faço o meu como director técnico".
Ninguém podia criticar a sua genialidade, bem patente no original Ferrari 312 T. Este modelo e as suas evoluções permitiram à Scuderia vencer o Mundial de Construtores entre 1975 e 1977. Em 1978 o mito Villeneuve e o título de Jody Scheckter em 1979 mantiveram a Ferrari na ribalta.
Mas o aparecimento dos monolugares com efeito de solo e o advento da era turbo na F1 ofuscaram de novo a Ferrari e Mauro Forghieri voltou a ser posto em causa. Em 1984 apresentou a demissão, mas Enzo Ferrari colocou-o na Ferrari Engineering, um departamento fora da Scuderia criado para desenvolver soluções para os Ferrari do futuro. Mas em 1987, um convite de Lee Iacocca, o então presidente da Chysler, levou o italiano para a Lamborghini, que havia sido comprada pela marca americana.
O 3.5 V12 para a F1 foi realizado por Forghieri. Mais tarde, quando o italiano Romano Artioli comprou a Bugatti e fundou a Bugatti Automobili S.p.A., surgiu o EB110 realizado por nomes famosos como os designers
Marcello Gandini e Paolo Stanzani e o engenheiro Mauro Forghieri.