A notoriedade de Enzo Ferrari começou como piloto. Pode não ter sido um "Grande", como ele definia os maiores pilotos, mas a vitória em Pescara no dia 17 de Junho de 1924 marcou a memória de um homem que se transformou num mito. A carreira como piloto talvez seja uma das faces menos conhecidas da sua vida, mas foi ela que lhe abriu as portas da fortuna e do mito.
"Penso que não me comportei mal como piloto", afirmou na sua autobiografia o homem que apostara tudo nos automóveis. No final da I Guerra Mundial a Fiat bateu-lhe com a porta na cara e Enzo chorou no parque Valentino em Turim, onde anos mais tarde um dos seus Ferrari garantiu a vitória.
A modesta CMN foi uma alternativa. Começou como piloto de ensaios e depois como piloto de competição. Disputou algumas corridas e em 1920 mudou-se para a Isotta Fraschini, mas o grande objectivo era a Alfa Romeo onde chegou em 1920 numa altura em que Giorgio Rimini era responsável pela competição.
"Era um jovem engenheiro da Catânia, com olhos enormes e dilatados, um cigarro sempre nos lábios. Era um homem cheio de entusiasmo, inteligente e animado: foi ele que criou aquele complexo [o departamento desportivo]
com um verdadeiro estado-maior técnico e desportivo, que acabou por determinar a sorte da Alfa Romeo ao longo de muitos anos".
Neste quadro Enzo Ferrari começou por ser um dos pilotos.
"Corri de 1921 a 1924 sempre com carros da Alfa Romeo. E com sorte alternada entre as diversas provas em que participei naquela época, recordo com particular satisfação, a minha vitória em Pescara em 1924 com um Alfa Romeo RL. Com esse carro tinha ganho em Ravenna o Circuito de Savio e em Rovigo, o circuito Polesine, mas aquela Coppa Acerbo em Pescara marcou a minha notoriedade como piloto", afirmou Enzo Ferrari.