Guiámos o Kia Optima Sportswagon PHEV e gastámos… 1,6 l/100 km!

A Kia ataca forte no crescente mercado dos híbridos "plug-in" – espera-se quase uma duplicação em Portugal este ano, face a 2016! –, com a sua grande berlina Optima e, em especial, com esta versão mais interessante, o Optima Sportswagon PHEV. Uma aposta forte num tipo de motorização que junta o melhor de dois mundos: a possibilidade de fazer uma vida diária em modo eléctrico, graças a uma autonomia já razoável, com um alcance total que supera os 900 km, ao juntar o motor a gasolina.

DESIGN. Apesar de se tratar de uma carrinha grande, com 4,85 m de comprimento por 1,86 m de largura (já agora, 1,47 m de altura), o Kia Optima Sportswagon tem um ar compacto, "respirando" até algum dinamismo. Essa sensação está muito relacionada com alguns detalhes específicos desta versão PHEV, como a grelha tapada com deflectores de ar activos, o pára-choques com passagens de ar laterais e os frisos transversais, tudo para melhor escoamento do ar.

HABITÁCULO. De falta de espaço não se podem queixar os ocupantes do Kia Optima Sportswagon, os dos lugares de trás têm até muito para as pernas, viajando de forma desafogada. O condutor tem de fazer face a uma exagerada profusão de botões, em especial quando pretende afinar a climatização a seu gosto, pois além de serem muitos estão numa posição baixa. De resto, contudo, a utilização deste Optima Sportswagon é bastante simples e intuitiva, com a ajuda do ecrã central táctil onde, além das habituais funções (rádio, navegação, etc.), se pode acompanhar o funcionamento do sistema híbrido e o estado da bateria. A bagageira está longe das referências da classe de carrinhas destas dimensões por ter de albergar as baterias. Mesmo assim tem simpáticos 440 litros, podendo rebater-se as costas dos bancos traseiros na proporção 40:20:40 para chegar aos 1574 litros.

MOTORES. Por um lado temos o motor a gasolina de injecção directa de dois litros (2.0 GDi), a debitar 156 cv, mecânica pouco puxada para manter os consumos contidos. Por outro, há um motor eléctrico que também move as rodas dianteiras, com 50 kW (68 cv) mas com 205 Nm de binário disponíveis desde que se toca no acelerador. Este motor vai buscar o seu "alimento" a uma bateria de iões de lítio com 11,3 kWh de capacidade, mas que tem a desvantagem de acrescentar 130 kg ao peso do automóvel. Numa normal ficha caseira demorámos seis horas e meia para uma carga completa, mas numa "wallbox" esse tempo reduz-se a cerca de duas horas e meia.

AO VOLANTE. Arrancando no modo eléctrico, percebemos que é preciso guiar com algum cuidado e quase sempre em ambiente citadino – o único que garante constante regeneração de energia de travagem – para chegarmos perto dos 62 km de autonomia eléctrica anunciada. Mas também experimentámos esgotar uma carga da bateria com uma condução perfeitamente normal, inclusive com um trecho em ritmo apressado, e fizemos 52 km só com electricidade, o que significa que este Optima Sportswagon PHEV está pronto a satisfazer as necessidades diárias de muita gente sem gastar uma pinga de gasolina! Ou seja, tendo a possibilidade de carregar com facilidade as baterias durante a noite (o período de vazio, em tarifa bi-horária, é o mais barato), consegue fazer a semana de trabalho sem gastar gasolina.

Para quem tenha de fazer mais quilómetros, pode deixar ao sistema a gestão automática do módulo híbrido e ele próprio vai "introduzindo" o motor eléctrico ou o propulsor a gasolina… ou ambos nas acelerações mais fortes em que se exigem os 206 cv. Mas se gostar de "brincar" com o sistema também pode "dizer-lhe" o que pretende, por exemplo, andar no modo eléctrico em cidade e ligar o motor a gasolina quando entra na auto-estrada ("habitat" terrível para os eléctricos), poupando bateria para quando regressar ao ambiente urbano. Num percurso iniciado com a bateria carregada mas em que o sistema híbrido comandou, conseguimos um inacreditável consumo de… 1,6 l/100 km!

A condução deste Kia revelou-se muito agradável, a nível de conforto, facilidade de utilização e qualidade do equipamento, tanto nas "mordomias", como em termos de segurança activa. Os construtores sul-coreanos têm vindo a evoluir de ano para ano e este Optima Sportswagon PHEV foi uma bela surpresa. É verdade que não é barato – o seu preço é de 50 mil mas decorre uma campanha em que a Kia está a fazer um desconto de cinco mil… – e, para a versão presente nas fotos, houve que juntar mais 450 € pela pintura metalizada e 950 € pelo tecto de abrir panorâmico. Mas é um investimento para durar, ou não tivesse a habitual garantia da Kia de 7 anos ou 150.000 km que é extensível à bateria!

Ficha técnica

Motorização: Híbrida

MOTOR DE COMBUSTÃO

Cilindrada: 1.999 CC

Potência máxima: 156 cv/6.000  rpm

Binário máximo: 189 Nm/5.000 rpm

MOTOR ELÉCTRICO

Potência máxima: 68 cv/2.330-3.300 rpm

Binário máximo: 205 Nm/0-2.330 rpm

SISTEMA HÍBRIDO

Potência máxima: 206 cv

Binário máximo: 375 Nm

Velocidade máxima: 192 km/h

0 a 100 km/h: 9,7 s

Consumo médio: 1,4 l/100 km

Emissões de CO2: 33 g/km

Preço desde: 45.040 €

Preço versão ensaiada: 46.400 €

+ ECONOMIA. Havendo hipótese de ir carregando as baterias, este Kia torna-se extremamente económico de utilizar por conseguir fazer grande parte do dia-a-dia em modo eléctrico. Em viagens, o modo automático vai gerindo a melhor altura para desligar o motor a gasolina de forma a baixar consumos.

- BAGAGEIRA. Isto não é bem um menos... Já se sabe que as baterias têm de ser postas nalgum lado e, no Optima, foram arrumadas no fundo da bagageira, roubando-lhe 112 litros. Mesmo assim sobram generosos 440 litros.