Um SUV equipado com um motor V8 turbo com 5.0 litros de cilindrada e 550 cv de potência é um daqueles veículos que pode ser visto como uma inutilidade sobre rodas, porque nenhum todo-o-terreno necessita de um motor com estas características e os grandes desportivos pensados para a estrada ou para as pistas têm outro tipo de exigências. Mas o mundo está cheio de contradições e há mercado para este tipo de veículos. Basta olhar para os BMW X5 M e X6 M com 575 cv ou para o Porsche Cayenne Turbo S de 570 cv para perceber que a Range Rover tenha optado pelo mesmo caminho.
O trabalho foi realizado pela Special Vehicles Operation (SVO), que funciona para o Grupo Jaguar/Land Rover como a AMG e a "M" funcionam para a Mercedes e para a BMW.
A abordagem a este projecto foi muito pragmática. Partiu do motor mais potente que o grupo tinha disponível e alterou a aerodinâmica, o chassis, as configurações electrónicas da caixa automática de oito velocidades e dos auxiliares de condução do Range Rover Sport para responder às necessidades do aumento exponencial de potência e de performances.
O diferencial central que geralmente reparte a tracção por cada um dos eixos (50/50) foi alterado de forma a permitir que, em caso de necessidade, toda a tracção esteja disponível num único eixo para favorecer o desempenho em asfalto, mas todos os sistemas que abrem as portas às grandes aventuras fora de estrada como as redutoras e os controlos de tracção foram mantidos, apesar de ser inimaginável que alguém se aventure fora de estrada com um carro com jantes de 21 polegadas.
A sonoridade rouca do motor V8 faz parte do equipamento de série e é deslumbrante para quem gosta de motores. O desempenho deste SUV de "corrida" é surpreendente. Apesar das suas 2,33 toneladas, é capaz de passar de 0 a 100 km/h em 4,7 segundos. É fácil manter velocidades de cruzeiro muito elevadas mesmo em estradas sinuosas, apesar da velocidade máxima não ir além dos 260 km/h. Mas quem tiver o pé pesado vai pagar a factura. Consumos na casa dos 17 litros/100 km são normais, mas com exageros eles chegam a valores obscenos, embora quem tem dinheiro para comprar um veículo com estas características não deva ter grandes preocupações com o preço da gasolina. Para ele será mais importante a autonomia.
Apesar das molas, amortecedores e barras de torção terem sido reguladas para optimizar a estabilidade direccional, oferece um compromisso importante ao nível do comportamento e do conforto, graças ao desempenho do sistema de gestão electrónica da suspensão pneumática, algo que raramente acontece com automóveis de elevadas performances. Será que são estes compromissos que fazem o apelo deste tipo de veículos face aos grandes turismos tradicionais?...
No interior, qualquer cliente da Range Rover vai reconhecer as formas do tablier e este ou aquele comando, mas tudo o resto é radicalmente diferente. É certo que foi mantida a posição de condução elevada, que faz muito do apelo deste tipo de veículos, mas os bancos do tipo bacquet de competição à frente e atrás sublinham a imagem de um grande desportivo, que nada tem a ver com o ambiente sóbrio, acolhedor e confortável de qualquer SUV da marca. A diferença pode ser tão grande quanto o cliente estiver disposto a pagar ao nível dos opcionais, que vão do tipo de bancos à pele dos estofos, até quase tudo o resto.
FICHA TECNICA
PREÇO 190 000 €
MOTOR V8 turbo
CILINDRADA 4 999 cc
POTÊNCIA MÁXIMA 550 cv/6 000 rpm
BINÁRIO MÁXIMO 680 Nm/3 500 rpm
RELAÇÃO PESO/POTÊNCIA 4,24 Kg/cv
VELOCIDADE MÁXIMA 260 Km/h
0 A 100 Km/h 4,7 s
CONSUMO MÉDIO 12,8 l/100 Km
EMISSÕES CO2 298 g/Km