A utilização da palavra "Autopilot" para denominar o sistema de assistência à condução proposto pela Tesla foi considerada enganosa pelas autoridades alemãs e o governo holandês também está a preparar uma tomada de posição sobre o assunto. O ministério dos transportes alemão escreveu uma carta à Tesla com
"a indicação de deixar de ser utilizada a designação Autopilot para o sistema de assistência à condução" dos modelos da marca.
AFINAL NÃO É AUTÓNOMO. A resposta da marca americana é no mínimo curiosa para quem fez da condução autónoma uma imagem de marca:
"Autopilot é um simples programa de assistência ao condutor e não um veículo altamente automatizado, que pode operar sem a constante atenção de quem guia. O Autopilot Tesla opera em conjunto com o ser humano ao volante para garantir uma condução mais segura e menos stressante. O termo é utilizado há décadas na indústria aero-espacial, para identificar um sistema de suporte, que opera sob a supervisão do ser humano. Fomos claros com os nossos clientes, Autopilot é um sistema de assistência à condução e exige atenção constante, da mesma forma que acontece com sistemas semelhantes de outros construtores".
Apesar dos argumentos da Tesla, a marca sempre promoveu a sua condução autónoma e só mudou de discurso depois do
primeiro acidente mortal, nos EUA, e as marcas europeias falam de condução semi-autónoma nos veículos que estão no mercado, apesar de admitirem que estão a trabalhar no sentido de desenvolver uma condução autónoma segura, que nunca estará disponível antes de 2020/2025...
A questão não é meramente semântica porque o tema "condução autónoma" pode criar a confusão junto de muitos, e a pouca informação do funcionamento real de um sistema pode criar problemas de segurança. Por isso, as autoridades holandesas já admitiram que
"não é o sistema que está em causa, mas a sua denominação", uma posição menos radical do que a da
China, que proibiu a condução autónoma.
CINCO NÍVEIS. Importa recordar que este tipo de sistemas tem cinco níveis (de 1 a 5) e ainda não há legislação concreta para os programas mais avançados (níveis 4 e 5), que em muitos casos estão em desenvolvimento. A Google Car já admitiu ter percorrido
três milhões de quilómetros em testes e a Volvo reconhece que o seu sistema não vai estar disponível antes de 2021, numa altura em que deverá haver garantias totais sobre a sua segurança. A Tesla talvez tenha querido andar mais depressa do que as tecnologias disponíveis. Importa destacar que todos estes sistemas são desenvolvidos por parceiros tecnológicos, que na maioria dos casos trabalham para diversas marcas em simultâneo, como acontece com a
Mobileye, que se afastou da Tesla ao considerar que a empresa de Elon Musk "forçou os limites" do Autopilot.