RUKAHOVI (Finlândia). "AQUELA MÁQUINA" foi à Lapónia finlandesa para testar as propostas 4x4 da SEAT nas condições mais radicais, num terreno por onde passam todas as marcas do Grupo VW nos testes de Inverno. Durante os meses mais frios, engenheiros e pilotos trabalham no desenvolvimento de todas as evoluções tecnológicas de cada modelo.
Desde o funcionamento do ar condicionado, aos mais sofisticados programas electrónicos de controlo de tracção, estabilidade e tudo o resto. Para eles, esta latitude é mais um dia de trabalho, para quem chega, os lagos gelados são um parque de diversões...
Andar de lado na Finlândia com os SEAT 4x4
"ANDAR DE LADO" é a melhor forma de traduzir o "drift" à finlandesa.
"Continua a ser a forma mais espectacular de andar nos ralis", afirmou-nos, orgulhoso, Juha Kankkunen, o ex-campeão do mundo, que gere o lago onde anualmente são desenhadas as pistas que utilizámos e onde funciona uma "academia de condução".
"Há cerca de 80 cm a 1,5 metros de altura de gelo, o que garante uma superfície segura para todos os testes e é possível andar depressa sem riscos para o condutor nem para o veículo", acrescentou o finlandês, elogiando um habitat que está na origem de gerações de grandes pilotos de ralis. Mas, hoje as coisas estão diferentes.
"Actualmente a escola francesa está a ter mais sucesso", admitiu, com alguma nostalgia.
"Para a frente é que é caminho", diz o velho ditado português, um dogma nos ralis modernos onde as coisas se alteraram com o alemão Walter Rohrl, um perfeccionista da condução, antes de se afirmarem com Sebastien Loeb e Sebastien Ogier, num passado mais recente.
Mas, para quem não luta pelo cronómetro e só procura o prazer da condução, uma longa curva com as rodas traseiras a escorregar é um prazer sublime...
4DRIVE SEAT. Foi nestas condições que pudemos provar o Leon Cupra 4WD 2.0 de 300 cv e o Ateca 2.0 TDI 190 cv, ambos com o 4Drive SEAT, um sistema que privilegia a tracção à frente, mas que, sempre que necessário, transfere potência para as rodas traseiras com um sistema de embraiagens. Não é exactamente uma tracção total permanente, mas funciona como tal quando as condições de aderência o exigem.
Ficámos sem qualquer dúvida ao guiar o Leon Cupra 4WD no lago gelado. Um toque no travão com o pé esquerdo na abordagem da curva é suficiente para "descolar" o eixo traseiro, que responde facilmente ao acelerador, que passa a ser tão importante como a direcção para garantir a progressão ao longo da curva. É este o prazer de conduzir sobre o gelo, onde a coordenação dos membros é o principal factor de equilíbrio para quem conduz na "corda bamba".
Isto é tão verdade com um carro com 300 cv como o Leon Cupra 4WD, como com o Ateca 2.0 TDI 4x4. Mas, mesmo assim, há diferenças mais do que evidentes para alem da carroçaria, do motor e da potencia.
O Leon tem "cavalos" de sobra e o Ateca muita genica nos regimes intermédios, mas o diferencial anterior do Leon faz toda a diferença ao "segurar" o eixo dianteiro, em contraste com um comportamento mais sobrevirador do Ateca.
Mas o SUV da SEAT tem outros argumentos. Na versão 4x4 abre o caminho a algumas aventuras fora de estrada. Andámos pelo meio da floresta, com gelo e muita neve, e se o Ateca 2.0 TDI 190 cv não é um todo-o-terreno, mostrou que é um excelente "todos-os-caminhos".
Só é pena que no nosso país a tracção 4x4 tenha um peso fiscal tão grande, que afasta os portugueses de opções tão interessantes quanto acessíveis noutros países da Europa. E não nos podemos esquecer de que a tracção total permanente não pode ser vista como um luxo, também é um factor de segurança na condução do dia-a-dia.