Foi no palco TalkRobot, no pavilhão três do Web Summit, que Alexander Zosel (Volocopter), Mathias Thomsen (Airbus) e François Chopard (Starburst Accelerator) debateram o futuro dos carros voadores, que de automóveis pouco ou nada têm, já que privilegiam as descolagens e as aterragens verticais, como um helicóptero ou um drone.
Mas vamos por partes, primeiro importa conhecer os modelos que cada uma das marcas acima propõe. A Volocopter, por exemplo, apresenta um drone gigante com dois lugares e 18 hélices.
A potência vem de um "pack" de nove baterias e chega para um tempo de voo a rondar os 30 minutos. E acredite, este sistema funciona e até já foi testado nos céus do Dubai, num teste que decorreu no passado mês de Setembro.
No futuro, o objectivo da Volocopter passa por ter uma frota destes "drones gigantes" compatível com uma "app" de "smartphone" que permita "chamar" uma destas máquinas voadoras. Tal como já fazemos com um táxi.
Por sua vez,
já conhecíamos a visão da Airbus para este segmento, uma vez que a líder mundial na fabricação de aviões comerciais já tinha apresentado um concept – em parceria com a Italdesign - de um carro voador no último Salão Automóvel de Genebra.
Criado para combater o trânsito e melhorar a mobilidade nas grandes cidades, o Pop.Up, como é conhecido, conta com umas cápsulas que tanto podem ser acopladas a uma plataforma com rodas para andar na estrada como pode ser acoplado a umas hélices e funcionar como um drone de transporte.
A ligar tudo isto haverá uma plataforma de inteligência artificial capaz de gerir todos os aspectos mais complexos da sua viagem e que "estuda" os melhores cenários possíveis para escolher o percurso mais rápido e uma "app" de smartphone que permitirá reservar a viagem, sendo que o sistema irá sugerir o melhor método de transporte (pela terra ou pelo ar) para o percurso escolhido, tendo em conta o tempo de viagem, o custo e a possibilidade de combinar dois passageiros com o mesmo destino final.
Depois de concluída a viagem, os "módulos" recebem ordens para regressar de forma autónoma a uma estação de carregamento enquanto aguardam por próximos clientes.
Por fim, falta conhecer a Starbust Accelerator, que em Outubro deste ano anunciou uma parceria com a
AeroMobil, que marcou presença no último Salão de Frankfurt com um carro-avião que tanto pode circular nas estradas como nos céus.
O protótipo, diferente do que a AeroMobil tinha anunciado em 2015, garante uma autonomia de 700 km e velocidade até aos 160 km/h como automóvel e uma autonomia de 750 quilómetros enquanto… avião! A transformação entre automóvel e avião é feita de forma automática e demora apenas três minutos.
A tecnologia existe e já pode ser testada, mas foi unânime neste painel que ainda existem algumas limitações legais que impedem a comercialização destes protótipos. O AeroMobil é o modelo que está mais próximo da comercialização, com a marca a admitir que este veículo
"cumpre todas as normas legais em vigor". Contudo, os nomes presentes defendem que a tecnologia estará no mercado daqui a três ou cinco anos.
Outra das questões que continua a dividir opiniões é o facto destes drones ou carros voadores serem ou não tripulados.
"A maioria das pessoas considera um veículo autónomo mais seguro do que um tripulado", admitiu François Chopard. A ideia também foi reforçada por Mathias Thomsen, director geral para a mobilidade aérea urbana da Airbus, que afirmou:
"tirar pessoas da estrada e coloca-las nestes veículos aéreos autónomos vai salvar vidas".
A mesma ideia foi defendida por
John Krafcik, CEO da Waymo, empresa que nasceu em 2009 como um projecto da Google e que está a trabalhar numa frota de táxis autónomos. Contudo, e tal como François Chopard (CEO da Starburst Accelerator) lembrou,
"é muito mais fácil implementar a tecnologia autónoma no ar do que em terra". A explicação é simples e está relacionada como facto de nas estradas existirem diversos referências que os automóveis autónomos precisam de "aprender" e reconhecer.
"Não há referências [no ar]
e como tal é mais fácil fazer com que o sistema reconheça tudo o que o rodeia", acrescentou.
Não sabemos se a previsão feita neste painel da Web Summit (entre 3 a 5 anos) se vai confirmar, mas é seguro afirmar que os carros voadores (ou drones) vieram para ficar e querem transformar o futuro da mobilidade pessoal.