Para um negócio desta magnitude, as conversações até que foram rápidas! Cerca de um mês depois das primeiras notícias, está selado o acordo de compra da Opel por parte do Grupo PSA (Peugeot, Citroën e DS) que assim se tornará no segundo maior grupo automóvel europeu, a seguir ao Grupo VW! O anúncio formal foi feito esta manhã, num negócio avaliado em 2,2 mil milhões de euros!
O acordo com a General Motors (GM) inclui a compra da marca de automóveis Opel, bem como da congénere Vauxhall que só opera no Reino Unido e ainda da financeira da GM, metade da qual acabou por ser comprada pelo banco BNP Paribas, por 450 milhões de euros.
Há 90 anos que a General Motors detinha a Opel, mas parece ter desistido da marca alemã, depois de ter falhado o objectivo de estancar os prejuízos em 2016, parando uma série de anos a perder dinheiro começada em 2009 e que já somava 8,6 mil milhões de euros. A PSA, por seu turno, espera conseguir recuperar a marca alemã através de uma gigantesca economia de escala, pela dimensão que o seu grupo vai ganhar: as estimativas apontam para uma poupança de 1,7 mil milhões de euros em 2026, com a Opel a gerar um lucro de 2% em 2020 e de 6% em 2026.
"No Grupo PSA temos uma ética de negócio que passa por acreditar e apostar nas pessoas. Por isso, a nossa aposta não passa por fechar fábricas mas por estimular as pessoas que lá trabalham e darem o seu melhor e a mostrar a sua criatividade e competência a resolver problemas e a encontrar soluções", declarou o português Carlos Tavares, presidente do Grupo PSA, respondendo aos temores de que, com esta compra, algumas fábricas da Opel e da Vauxhall poderiam estar em perigo.
Porque esperava-se que Tavares empregasse na Opel a estratégia que resultou no Grupo PSA, onde entrou em 2014, embora com um início doloroso que implicou despedimentos, congelamentos de salários e a eliminação de modelos que não eram rentáveis… Mas a verdade é que o grupo francês conseguiu chegar aos lucros em 2015 e distribuir dividendos no ano passado, pela primeira vez desde 2011.
Numa conferência ao início da manhã, Tavares teve a seu lado Mary Barra, CEO da General Motors, e Karl-Thomas Neumann que, segundo o português, deverá continuar, para já, à frente da Opel.
"Confiamos que a recuperação da Opel/Vauxhall acelere também o nosso crescimento. Tendo já criado produtos bem-sucedidos para o mercado europeu, sabemos que a Opel/Vauxhall é o parceiro ideal".
A Opel vai agora exibir em Genebra o Crossland X, o "crossover" que substitui o Meriva e que é construído sobre a plataforma do Citroën C3/Peugeot 2008. Mais tarde, há-de aparecer o Opel Grandland X, outro "crossover", agora para o lugar do Zafira, que utilizará a base do Peugeot 3008. Com a compra da Opel, o Grupo PSA ultrapassa a rival Renault em dimensão, ficando com 16% do mercado europeu, apenas batido pelo Grupo VW que detém 24%.
O negócio prevê que a GM compre acções do Grupo PSA e que ambas as partes colaborem no desenvolvimento de diversas tecnologias, nomeadamente do "fuel cell", ou seja, os carros a hidrogénio. Os próximos tempos nos dirão quais as consequências práticas deste acordo, nomeadamente em áreas que tocam mais directamente aos clientes como, por exemplo, o futuro das redes de concessionários, à medida que os produtos daquelas marcas forem integrando cada vez mais componentes comuns.
Apesar de ainda agora Março ter começado, arriscamo-nos a dizer que este será já, provavelmente, o negócio do ano na indústria automóvel!