Mesmo custando mais de 800 mil euros, o Porsche 918 Spyder não está imune aos já populares "recalls". A marca de Estugarda emitiu um comunicado a pedir a recolha de todos os 918 Spyder para poder avaliar um problema relacionado com a montagem dos cintos de segurança.
Não chega bem a ser um problema, para sermos justos. É um potencial problema. O motivo está num erro na catalogação dos componentes deste híbrido, onde era descrito erradamente o ponto de fixação de determinados parafusos, o que poderá ter levado os técnicos responsáveis pela montagem a usar parafusos diferentes na montagem dos cintos de segurança. Desta forma, a Porsche afirma que o sistema do cinto de segurança poderá não funcionar correctamente durante um acidente.
Para garantir que todos os parafusos estão no devido lugar, a Porsche quer examinar as 918 unidades produzidas. Se de facto houver uma peça mal instalada, a marca germânica irá proceder a uma troca e só depois irá devolver os automóveis aos seus donos, que já poderão dormir mais descansados.
Esta não é a primeira vez que a Porsche pede aos donos do 918 Spyder para levarem os seus supercarros a um "exame". Em 2014, 46 unidades tiveram de ser recolhidas por conta de um problema no eixo traseiro. Alguns meses depois, outros 205 exemplares também precisaram de ser revistos, uma vez que tinham peças defeituosas no chassis.
Isto é a prova de que nem um automóvel que é considerado por todos uma obra prima dos engenheiros da Porsche – que demonstra que a tecnologia híbrida pode ser mais do que uma opção ecológica – está livre de falhas e erros.
918 Spyder: O super Porsche
Recorde-se que o 918 Spyder marcou uma nova era na Porsche e um passo em frente no que à tecnologia híbrida diz respeito. Quando tudo indicava que a redução da pegada de carbono estava a condenar o automóvel a veículos anémicos e sem emoção, a realidade acabou por ser muito diferente.
A possibilidade de recuperar a energia das desacelerações e das travagens em baterias de iões de lítio (com um peso contido), também permitiu caminhar para a associação de motores de combustão interna e eléctricos. Foi um grande passo na tecnologia híbrida e, ao mesmo tempo que se garantiu uma redução de emissões poluentes, abriu-se uma porta para potências e performances que pareciam impensáveis.
O Porsche 918 Spyder é um dos melhores exemplos desta aposta. Um motor V8 de 4,6 litros colocado em posição central traseira debita 608 cv, e dois motores eléctricos (um por eixo) garantem mais 286 cv. Temos assim uma potência combinada de 894 cv. O motor a gasolina e o motor eléctrico posterior animam o trem traseiro e podem funcionar em paralelo ou de forma independente. O dianteiro garante a tracção total.
Os motores eléctricos são alimentados por baterias de iões de lítio, que podem acumular a energia recuperada nas travagens e desacelerações, ou ser carregadas numa tomada de corrente doméstica.
O condutor pode optar por cinco modos de condução: E-Power, Hybrid, Sport Hybrid, Race Hybrid e Hot Lap. O E-Power tem uma autonomia de 30 km em modo totalmente eléctrico, sendo capaz de chegar aos 150 km/h e passar de 0 a 100 km/h em menos de sete segundos. Com toda a potência, este Porsche pode chegar aos 100 km/h em 2,8 segundos e é capaz de atingir os 345 km/h.
Mas para garantir estas performances é necessário muito mais do que toda a potência disponível. O chassis é extremamente importante e a aerodinâmica fundamental. O 918 Spyder dispõe de um sofisticado sistema de gestão electrónica que controla a aerodinâmica, que funciona de forma adaptativa de acordo com o estilo de condução adoptado.
A este nível apenas a melhor tecnologia pode competir com a concorrência, que passa por modelos como o peso do LaFerrari que anuncia 963 cv de potência ou do McLaren P1, que reivindica 916 cv.
Para validar as performances do novo 918 Spyder, a Porsche deslocou-se ao circuito de Nurburgring. Nos 20,8 km do antigo traçado, Marc Lieb (um profissional deste tipo de tarefas), percorreu uma volta em 6m 47s m, à média de 179,5 km/h, estabelecendo um novo recorde para automóveis de produção.