Algo se começa a passar em torno dos salões automóvel, começando a haver sinais vários de que o "status quo" que vigorou durante várias décadas poderá estar a sofrer alterações. Primeiro a notícia de que a Porsche faltará a Detroit-2017. Agora as muitas e importantes ausências do salão de Paris deste ano, tido como o maior certame europeu de 2016…
É verdade que serão ainda muitas dezenas de novidades as que animarão o Mondial de L’Automobile que terá as portas abertas ao público de 1 a 16 de Outubro, na Cidade Luz.
BMW X2,
Hyundai i30 e
Skoda Kodiaq estarão entre elas, mas as inesperadas ausências de construtores de topo estão a marcar a edição de 2016 da feira parisiense.
Pela sua dimensão, três marcas dão mais nas vistas. A Ford não estará presente por achar que o forte investimento feito num salão das dimensões do de Paris (falamos de largos milhões de euros!) é mais bem empregue na realização de eventos regionais mais pequenos mas mais numerosos… Já a Volvo tinha sido das primeiras a anunciar a ausência, explicando que, na Europa, se passará a concentrar no salão de Genebra, em Março.
Por fim, também a Mazda optou por falhar Paris por não se justificar tão elevado investimento numa altura em que não tem grandes novidades para apresentar, já que só no salão de Los Angeles, em Novembro, mostrará no
novo CX-5.
Mas as "faltas" não se ficam por aqui e até a Renault (que promete mostrar um protótipo desportivo) deixou de fora a Alpine, de que se aguarda com expectativa a apresentação
do modelo de série do ressurgimento da marca!
Apesar de ser uma das capitais do luxo, Paris também não conseguiu atrair muitas das marcas de topo da "cadeia" automóvel que irão primar pela ausência. Assim, Bentley e Lamborghini não estarão presentes, numa política de redução de custos do Grupo VW que levará até à redução das áreas dos "stands" da VW e Skoda! Mas também Rolls-Royce, Aston Martin, McLaren, Lotus, Bugatti e Cadillac falharão o certame francês!
O que leva, de facto, a interrogar o que se passa em torno dos salões automóvel tradicionais. Até há bem pouco tempo, o calendário normal previa três salões grandes por ano: Detroit, Genebra e, em alternância, Frankfurt ou Paris. Detroit está a sofrer forte concorrência de Los Angeles e Nova Iorque. E a Europa parece começar a sofrer… com a perda da dimensão relativa do seu mercado, face ao total mundial pelo crescimento da China e da importância de salões como Pequim e Xangai. Correrá a Europa o risco de, num futuro mais ou menos próximo, ficar reduzida a um grande salão automóvel em território… neutro, o de Genebra?