O design não esconde a aposta familiar de uma carroçaria de três volumes e quatro portas, com 4,63 metros de comprimento, comum a toda a
gama Giulia, mas a imagem do Quadrifoglio remete-nos para o património histórico de uma marca que ao longo do seu historial aliou as performances ao carácter desportivo da forma.
É natural. Este modelo destaca-se de qualquer outro numa gama que passa por três versões equipadas com motores turbo de quatro cilindros: um 2.0 litros a gasolina com 200 cv e um 2,2 diesel com 150 ou 180 cv.
O motor 2.9 V6 biturbo de 510 cv foi desenvolvido pela Ferrari. Tem muito a ver com o bloco que equipa o California T. É mais potente do que o Mercedes C63 AMG e o BMW M3 e isso mostra os alvos para onde estão apontadas as baterias da marca de Arese.
Os Giulia partilham um estilo que tem tudo a ver com o design italiano, mas o Quadrifoglio tem um aspecto mais agressivo, vincado pelo volume dos pára-choques, as cavas de rodas alargadas, os pneus enormes (19 e mais polegadas) e a reduzida altura ao solo. Mas as diferenças vão muito mais longe do que a aparência pode deixar perceber ao primeiro olhar, porque este modelo tem necessidades específicas.
As performances fazem a diferença: é capaz de chegar aos 307 km/h e passar de 0 a 100 km/h em 3,9 segundos, um valor mais habitual para super-desportivos do quilate do Porsche 911 R e do Ferrari GTC4Lusso, e isso exigiu grandes cuidados ao nível da aerodinâmica.
Por isso foi criado um sistema activo com um lábio inferior retráctil na base do spoiler anterior, a exemplo do que acontece com o
BMW M4 GTS, para aumentar o apoio no eixo dianteiro. A Alfa Romeo fala em valores na ordem dos 100 kg a 300 km/h. O sistema abre num ângulo de 10 graus a alta velocidade e recolhe na abordagem de curvas.
O Active Aero Slitter, que funciona em conjunto com a asa traseira, ajuda a extrair o fluxo de ar que passa sob o veículo e tudo isto demonstra o cuidado colocado e o tempo gasto no desenvolvimento destas soluções. O resultado final merece todos os aplausos, mas como tempo é dinheiro num mundo sem complacências, Sergio Marchionne, o patrão do Grupo Fiat-Chrysler, exigiu a cabeça de Harald Wester, que também foi responsabilizado pela demora na apresentação do Maserati Levante.
No habitáculo o tempo perdido pode servir de explicação para os mostradores circulares, à antiga, que contrastam com os sistemas digitais, mas também nos sistemas de infoentretenimento associado a um ecrã central com comandos rotativos que não chegam aos padrões oferecidos por rivais directos.
O aspecto geral é sóbrio e desportivo e os forros/estofos em couro ajudam a esconder muitos plásticos. Estão disponíveis bancos desportivos convencionais e outros em carbono (opcionais), que, estando ligeiramente mais baixos, fazem a diferença na posição de condução.
A transmissão é mais do que uma opção. Para além da caixa manual de seis velocidades, que estará disponível em Junho, também há uma caixa automática que só estará disponível mais para o final do ano. Em qualquer dos casos há vários modos de condução, Dynamic, Natural e Advanced Effivient (em toda a Gama Giulia) e Race (exclusivo no Quadrifoglio), onde é possível desligar o controlo de estabilidade (ESP), deixando o motor e a suspensão num formato mais radical, apesar de poderem ser seleccionados três níveis de amortecimento de forma autónoma.
FICHA TÉCNICA
Motor
V6 biturbo
Cilindrada (cc)
2 891 cc
Potência máxima (cv/rpm)
510 cv/6 500 rpm
Binário máximo (Nm/rpm)
600 Nm/2 500-5 000 rpm
Velocidade máxima (Km/h)
307 Km/h
0 a 100 km/h (s)
3,9 s
Consumo médio (l/100 km)
8,5 litros/100 km
Emissões de CO2 (g/km)
198 g/km
Preço desde (€)
96 000 €
+ QUALIDADE. Pode ser melhor ou pior do que um BMW ou um Mercedes, mas tem carácter e adeptos indefectíveis
- IMAGEM. A marca evoluiu muito e ainda há preconceitos do passado que não foram esquecidos...
Giulia Quadrifolio é emoção