A expressão "selva urbana" vai fazendo cada vez mais sentido, tantos são os SUV compactos que vão aparecendo, sempre com aquele ar mais ou menos aventureiro e a apelar às escapadelas pela Natureza mas, no fundo, concebidos a pensar numa utilização eminentemente citadina. Ainda os ecos da revelação do
Citroën C3 Aircross não tinham desaparecido e já a Hyundai tratava de os "abafar" ao desvendar o novíssimo Kauai que também chegará ao nosso mercado ali pelo início de Novembro!
Mas quando se trata de SUV, a marca sul-coreana não entra na luta apenas para fazer número…
"O Kauai é um marco importante na nossa jornada para nos tornarmos a marca automóvel asiática número um na Europa, até 2021", disse Thomas Schmidt, presidente executivo da Hyundai Motor Europe, durante a apresentação mundial do quarto SUV da marca, numa linhagem de sucessos em que já se encontram o Tucson, Santa Fe e Grand Santa Fe.
"É um modelo com que procuramos pessoas que não aceitam o convencional, que querem um ‘lifestyle’ activo e dinâmico, clientes mais jovens", resumiu, antes de avançar com duas importantes novidades.
O Hyundai Kauai – como se sabe Portugal é o único mercado em que este modelo terá esta designação… – será lançado com dois motores a gasolina, chegando um novo propulsor Diesel de 1,6 litros, cumpridor da norma Euro 6 e com potências de 115 e 133 cv no Verão de 2018. Antes, contudo, logo na Primavera, a Hyundai vai lançar uma versão totalmente eléctrica do Kauai, falando-se numa autonomia a rondar os 380 km!
Afinal, o que tem o Kauai de especial para aparecer com tantas ambições num segmento em que já se guerreiam modelos tão bem-sucedidos como o Renault Captur, Peugeot 2008 ou Nissan Juke? Apresenta um visual de forte personalidade e bastante atraente, alinhando na moda das carroçarias bi-tom que lhe realça a linha de cintura elevada, mas também com as protecções negras das cavas das rodas a conferirem o tal "apelo aventureiro" que tão apreciado é nos SUV.
A dianteira segue a nova identidade da marca, com a grelha em cascata, destacando-se pela total e interessante separação dos faróis: numa faixa fina e de "look" dinâmico estão os piscas e as luzes diurnas em LED, por baixo os médios e máximos também em LED e, mesmo junto ao "lábio" da entrada de ar central, os faróis de nevoeiro.
"Quero que os Hyundai sejam a expressão de uma paixão e este Kauai capta bem essa força emocional", dizia Peter Schreyer que lidera todo o "design" da marca sul-coreana.
"O Kauai vai abanar o ‘status quo’ e ‘tocará’ pessoas de todas as idades".
Que o Hyundai Kauai tem um forte apelo emocional não nos restou dúvidas, mesmo se a traseira mantém muito do Tucson em ponto mais pequeno, embora com um generoso "spoiler" a dar-lhe um toque mais desportivo. Por dentro, toda a disposição do "tablier" faz lembrar a do i30 (de um segmento acima), com o grande ecrã táctil em evidência, embora continuando a ter botões de dimensões generosas à sua volta porque a Hyundai acha (e bem) que há utilizadores que continuam a preferir os comandos… "à antiga".
Nos breves momentos em que estivemos sentados ao volante, todos os comandos pareceram bem colocados, embora os do volante sejam muitos e acabem por se tornar um pouco confusos, a exigir habituação. O habitáculo mostrou uma construção sólida, embora utilizando revestimentos em plásticos duros na maior parte das superfícies. A habitabilidade pareceu-nos bastante boa, dentro da média dos seus rivais, talvez por a distância entre eixos (2,60 m) ser sensivelmente a mesma, bem como o comprimento total (4,165 m). Onde o Kauai fica a ganhar face ao Captur ou 2008 é na largura (1,80 m), mas é um pouco mais baixo por questões… de "design". A bagageira é boa mas não chega a ser referencial, com 361 litros (377 a do Renault) que chegam aos 1143 litros com as costas dos bancos rebatidos.
Quando chegar ao nosso mercado, em inícios de Novembro, o Hyundai Kauai só estará disponível com motorizações a gasolina, sendo a versão mais interessante a que terá o motor tricilíndrico com turbo, de um litro de cilindrada e 120 cv, associado a caixa manual de seis velocidades. Mas há uma outra versão, dinamicamente muito mais interessante, com o motor 1.6 T-GDI de 177 cv, acoplada a caixa automática de sete velocidades e dupla embraiagem e com tracção integral. Este, sim, será o Kauai verdadeiramente entusiasmante e aventureiro!
O SUV compacto da marca sul-coreana contará com as mais recentes tecnologias a nível de segurança activa: de série contará com manutenção na faixa de rodagem e alerta de atenção do condutor, mas disponibilizará ainda os sistemas de travagem de emergência (AEB) com detecção de peões, de controlo automático dos máximos, de vigilância do ângulo morto e de alerta de tráfego transversal na traseira.
Além disso apresenta, obviamente, todas as funções de conectividade que fazem agora parte dos automóveis e a propósito das quais uma das engenheiras do projecto, Regina Kaiser, teve uma frase sintomática quanto ao que se está a passar com a progressiva integração dos nossos dispositivos móveis nos nossos… automóveis:
"Os nossos carros estão cada vez mais a tornar-se a nossa zona de conforto, onde podemos interagir com tudo e todos, pela crescente conectividade". Falta perceber até que ponto isto será bom ou mau, em termos de vida em sociedade…
Até lá, fiquemo-nos com as capacidades do Hyundai Kauai que, através do sistema Display Audio, integra os smartphones no ecrã central, através das aplicações Apple CarPlay ou Android Auto, passando a ter as funcionalidades dos telemóveis ali disponíveis. Em opção, haverá ainda o sistema de carregamento "wireless" para os telemóveis que tenham essa capacidade.
Por fim, destaque-se que o Kauai estreará na Hyundai um sistema "head-up display" – projecta as informações mais importantes no vidro, à frente dos olhos do condutor – com mostra não só a velocidade e direcções do sistema de navegação, mas também nível do combustível e os alertas dos diversos dispositivos de segurança activa. Por ainda faltarem mais de quatro meses para a sua comercialização, não estão ainda definidos os preços do Hyundai Kauai para o mercado nacional.