Terá sido a primeira vez que uma marca construiu… uma casa dentro de um salão automóvel, mas a Renault tinha mesmo de o fazer para explicar o conceito do seu mais recente protótipo, o Symbioz! Tido como uma visão do que será a mobilidade integrada em 2030, quando os automóveis comunicarem e interagirem com as nossas casas, cidades e estradas, o Symbioz é verdadeiramente um carro do futuro que, no entanto, já encerra algumas ideais actualmente em desenvolvimento e até, em pequena escala, reais.
Por exemplo, a possibilidade de o automóvel, eléctrico, alimentar energeticamente a nossa casa, pelo menos os dispositivos menos gastadores como iluminação, ecrãs ou outras funcionalidades nos picos de consumo. São as redes partilhadas geridas por Inteligência Artificial que consegue antecipar as necessidades tanto da casa como do automóvel, em função dos percursos que terá ainda de fazer. Daí que, para exibir o Symbioz, a Renault tenha construído uma casa em que esta enorme berlina de ar desportivo se integra na perfeição, sendo elevada ao primeiro andar.
"Já não podemos pensar no ‘design’ de um automóvel de forma isolada do ecossistema que nos rodeia e o Renault Symbioz é um projecto único que nos permitiu trabalhar com responsáveis do planeamento, ‘designers’, engenheiros e arquitectos", explicou o responsável pelo "design" na Renault, Laurent van den Acker.
"O nosso objectivo era explorar novas fronteiras na experiência dos clientes, da tecnologia, da utilização da energia e da harmonia estética, em busca de uma experiência global totalmente nova".
Renault Symbioz junta a mobilidade autónoma à… gestão eléctrica do lar!
O Renault Symbioz é um automóvel eléctrico, em que os dois motores estão colocados no eixo traseiro (cada um move uma roda), com um total de 500 kW (cerca de 680 cv) e 660 Nm, acelerando até aos 100 km/h em menos de 6 s. As baterias de 72 kWh estão no chão do carro, libertando todo o espaço para habitabilidade e bagageira e podem receber 80% da carga em 20 minutos, através de um sistema por indução (sem cabos).
"A forma como usamos os nossos carros está a mudar, já se tornou mais que uma forma de ir de um ponto para outro. Carregados de tecnologia, tornaram-se espaços interactivos e personalizados que ligam os passageiros a outros carros, pessoas e objectos que os rodeiam", opinou o vice-presidente da marca francesa, Thierry Bollore.
"Olhando para 2030 podemos imaginar novos cenários com uma utilização mais inteligente da energia, maior conectividade e a possibilidade de condução autónoma que irão melhorar a forma como vivemos e trabalhamos".
O interior do Symbioz está feito de forma a que o volante e painel de bordo recolham quando se opta pela condução autónoma e os bancos dianteiros girem, proporcionando um espaço de convívio em plena viagem. O habitáculo está, aliás, concebido como se se tratasse de uma parte da sala de estar da própria casa, podendo até confundir-se como uma das divisões. Por fim, o Symbioz consegue detectar quem o vai utilizar, configurando bancos, música e outros elementos de conforto para que esteja preparado a receber convenientemente o seu ocupante.
Contudo, a parte mais interessante deste "concept" é mesmo a sua interacção com o lar, uma ideia que já corre há muito tempo e que já há quem esteja a pôr em prática. Porque a bateria de um carro eléctrico tem uma capacidade bastante superior ao necessários para os gastos caseiros, a ideia é, quando se chega a casa com a bateria ainda com carga, alimentar a rede doméstica com a energia que se encontra no carro. E carregar mais tarde a bateria do automóvel, quando chegarem as chamadas horas de vazio, quando a energia é mais barata. É este conceito que o Symbioz segue, embora já num nível mais avançado, pois conseguirá fazer a gestão de todas as necessidades da casa e até suprir eventuais falhas da rede energética.
O que é mais interessante neste projecto da Renault para 2030 é que pode começar a concretizar-se… já este ano! A marca francesa anunciou a intenção de ter um veículo de demonstração eléctrico, autónomo e conectado da forma preconizada pelo Symbioz pronto para testes mais para o final do ano, antecipando um ponto a meio caminho, algures por volta de 2023.