Ferrari GTC4Lusso

Sergio Marchionne, o patrão do Grupo Fiat-Chrysler, já afirmou que sob a sua gestão a Ferrari nunca terá um SUV. Se dúvidas houvesse, o novo GT4Lusso mostra que a marca italiana continua fiel aos seus princípios. O FF, com uma carroçaria estilo "shooting brake" e tracção total permanente, poderia ser a base desse SUV, mas o seu herdeiro é o GT4Lusso e continua a apostar na evolução na continuidade, sem concessões a modas que já cativaram a Bentley, Maserati e a Porsche.

O GTC4Lusso começa por ser um familiar e a Ferrari não o esconde. A marca de Maranello define-o como um modelo "para clientes à espera de experimentar o prazer de guiar um Ferrari em qualquer local e em qualquer altura, em curvas apertadas ou longas jornadas, estradas cobertas de neve ou ruas das cidades, sozinho ou em companhia de três felizes passageiros.

Para condutores que exigem muita potência, mas recusam compromissos de conforto". Sendo um verdadeiro desportivo com performances dignas da marca italiana, também tem uma vocação familiar. Os velhos GTC dos anos 60 eram coupés do tipo 2+2, mas o design do novo está a meio caminho entre um coupé e uma carrinha, assumindo a opção familiar.

A carroçaria é ligeiramente mais volumosa do que a do FF. Mede 4,92 metros de comprimento, 1,98 metros de largura e apenas 1,38 metros de altura. Este não é exactamente um novo modelo, mas sim um restyling tão radical que faz toda a diferença e um design marcado pelo cuidado nos mais pequenos detalhes que vincam o carácter desportivo e a imagem exclusiva da Ferrari. É evidente a alteração na forma e a adopção de soluções comuns a modelos mais recentes da gama, mas também foram assumidas linhas do passado como a grelha frontal ao estilo do 330 GTC dos anos 60.

O habitáculo tem tudo a ver com o nome do modelo. Segundo a Ferrari, a referência GTC4 não tem nada a ver com a tracção total, mas sim com os quatro lugares de um habitáculo requintado, que justifica a designação "Lusso", mas não poderia deixar de haver uma ponte com um ambiente próximo das versões de competição.

Ele é tão evidente no design como na adopção das mais modernas tecnologias de informação. Basta atender ao volante, que recupera soluções importadas do desporto, como o comando inferior direito (o "manettino"), que permite ao condutor regular os modos de funcionamento do motor, travões, direcção e rapidez das passagens de caixa ou o ecrã central táctil que serve de interface para todo o sistema multimédia. Ao nível do espaço disponível, este coupé do tipo 2+2 não traz grandes alterações face ao anterior FF e o mesmo acontece com os 450 litros de volume da bagageira.

O motor 6.3 V12 debita 690 cv e sublinha o carácter desportivo deste familiar que, graças a uma carroçaria ligeira, garante uma relação peso/potência de 2,6 kg/cv. A elasticidade do motor é surpreendente. O binário de 697 Nm às 5 750 rpm garante 80 por cento desta potência a partir das 1 750 rpm. Estes valores contribuem para majorar as performances de um automóvel que pode chegar aos 335 km/h e só necessita de 3,4 segundos para passar de 0 a 100 km/h.

A tracção total permanente contribui para colocar no chão toda a potência do motor e as rodas traseiras auto-direccionais (variam de ângulo) melhoram o comportamento direccional. O sistema inteligente de gestão da suspensão assegura o conforto quando ele é necessário e a rigidez quando ela faz falta a uma condução mais agressiva.

Não há dúvida de que o novo GTC4Lusso alia o carácter de um grande desportivo com as exigências de um familiar, mas será que irá ser suficiente para manter a Ferrari longe do mundo dos SUVs?... Só o futuro o dirá.

FICHA TÉCNICA

350 000 € (valor estimado)

MOTOR V12
CILINDRADA 6 262 cc
POTÊNCIA MÁXIMA 690 cv/8 000 rpm
BINÁRIO MÁXIMO 697 Nm/5 750 rpm
RELAÇÃO PESO/POTÊNCIA 2,6 Kg/cv
VELOCIDADE MÁXIMA 335 Km/h
0 A 100 Km/h 3,4 s
CONSUMO MÉDIO 15 litros/100 km
EMISSÕES DE CO2 350 g/km