A Sauber foi a primeira equipa a ter pronto o seu carro para 2017, tendo-o mostrado já em imagens reais –
a Williams revelou o FW40 ainda em imagens sintetizadas por computador – e preparando-se para o levar para a pista depois de amanhã! Bom trabalho da equipa suíça que, apesar dos meios reduzidos (e preocupante ausência de patrocinadores…), aproveitou o facto de utilizar o mesmo motor do ano passado para começar mais cedo o projecto do C36.
Aliás, o motor Ferrari nas especificações utilizadas no G.P. do Abu Dhabi, o último de 2016, é a única peça em comum com o Sauber C35 da temporada passada! Tudo o resto é novo, derivado da mudança profunda dos regulamentos que, apesar de no papel poder parecer pouca (mais uns centímetros de largura, umas alterações nas asas…), na prática correspondeu a começar tudo de folhas em branco!
Tal como se já se antecipara e o Williams confirmara, regressam as "barbatanas de tubarão" sobre a tampa do motor e o bico do carro continua muito semelhante ao do C35 (publicamos uma foto para comparações). É, contudo, natural que muitas das soluções aerodinâmicas aqui presentes ainda sofram alterações até à primeira corrida do ano, na Austrália, é para isso que servem os testes… O C6 tem um comprimento de 5,143 m, mas a equipa não divulgou a distância entre eixos, outro dado que pode variar de carro para carro, ao contrário da largura que será de 2 m para todos.
Olhando para o carro com olhos mais… comerciais, não deixa de ser preocupante a quase ausência de patrocinadores, numa equipa que se tem debatido com grandes problemas financeiros. Certo que, em Julho do ano passado, entraram novos investidores, a Longbow Finance, para assegurarem o futuro da equipa. Mas o maior símbolo presente no Sauber C36 é mesmo o que assinala os 25 anos da presença da equipa suíça no desporto automóvel…
Voltando à parte mais técnica, a grande preocupação na concepção do C36 foi a redução do arrasto aerodinâmico devido à maior largura do carro e o controlo do peso pelas suas maiores dimensões, mesmo se o peso mínimo obrigatório passou de 702 para 728 kg (com piloto mas sem gasolina). No aspecto aerodinâmico o trabalho em túnel de vento concentrou-se, acima de tudo, nas asas dianteira e traseira e na canalização do ar sob o carro. Os radiadores, os flancos e toda a carroçaria foram desenhados de forma a provocarem a menor resistência possível ao ar.
"Pusemos uma grande ênfase na estabilidade aerodinâmica, em vez de procurarmos maximizar o apoio aerodinâmico", explicou o novo director técnico da Sauber, Jörg Zander, ex-engenheiro da Audi Sport (foi ele que dirigiu o projecto do último R18) e um dos mais recentes reforços da equipa de Hinwill, onde já tinha estado em 2006 e 2007, na altura do BMW Sauber F1 Team.
E que, apesar de não ter participado na decisão de manter os motores Ferrari na especificação de 2016, acaba por a defender:
"Para começar, é uma solução já testada e com elevado grau de fiabilidade. Por outro, permitiu que a equipa começasse muito cedo a definir todo o ‘empacotamento’ do motor, o que foi uma vantagem, pois já estávamos familiarizados com as necessidades de refrigeração do motor e da transmissão".
Talvez por isso o Sauber C36 tenha ficado pronto tão cedo, de tal forma que, segundo os planos da equipa, irá rodar em pista já depois de amanhã, dia 22, para uma sessão de filmagens na pista de Barcelona. Em princípio a cargo de Marcus Ericsson, até porque só poderão percorrer um máximo de 100 km. Que também servirão para ver se tudo está a funcionar correctamente no novo C36.
De hoje a uma semana começam os testes em que Ericsson voltará ao volante, partilhando o carro com Antonio Giovinazzi que ocupa o lugar do segundo piloto da equipa, Pascal Wehrlein, a contas com a lesão no pescoço, sofrida no acidente durante a Corrida dos Campeões. Atendendo ao grau de exigência que os carros deste ano prometem a nível do pescoço, vamos a ver se a Sauber e Wehrlein (e, por arrasto, até a Mercedes…) não têm aqui um problema para resolver…