A entrevista inédita de Schumacher dois meses antes do acidente

Para celebrar os 50 anos de Michael Schumacher, que se realizam no próximo dia 3 de Janeiro, a família do antigo piloto alemão publicou uma entrevista que lhe foi feita no dia 30 de Outubro de 2013, cerca de dois meses antes de sofrer o fatídico acidente de esqui, em Méribel, quando fazia uma descida com o filho Mick e alguns amigos.

Agora, pouco mais de uma semana depois, a família Schumacher voltou a quebrar o silêncio e publicou no site oficial do sete vezes campeão do mundo de Fórmula 1 uma entrevista onde Schumacher fala dos seus rivais, de quem mais respeita, do seu ídolo de criança e até das suas raízes nos "karts".

Qual foi o seu campeonato mais emotivo? O primeiro, em 1994, ou o primeiro com a Ferrari, em 2000?

"O campeonato mais emotivo foi sem dúvida o conseguido em Suzuka no ano de 2000 com a Ferrari. Depois de 21 anos sem Mundiais para a Ferrari e de quatro anos sem eu vencer, finalmente ganhámos a corrida, uma corrida excepcional, e ganhámos o campeonato".

Em mais de 20 anos na F1, qual foi o oponente que mais respeitou?

"Quem mais respeitei nestes anos foi o Mika Häkkinen pelas grandes batalhas e por uma relação privada muito estável".

O quão exigente é a Fórmula 1 a nível físico?

"A Fórmula 1 é muito dura. Antes era muito mais, sem travões nem direcção assistida. Mas ainda é um dos desportos mais duros que podes fazer, pelo que precisas de muita preparação".

Teve algum ídolo da Fórmula 1 em criança?

"Quando era criança, na minha altura dos ‘karts’ via o Ayrton Senna e o Vincenzo Sospiri, alguém que admirava muito porque era um bom piloto. Mas o meu grande ídolo era o Toni Schumacher (guarda-redes da Selecção alemã de futebol), porque foi um grande futebolista".

Sempre soube que ia bater estes recordes ou alguma vez duvidou das suas capacidades?

"É muito importante não ter excesso de confiança para melhorar e chegar ao nível seguinte, mas sempre senti que era suficientemente bom".

Sempre disse que o sucesso é um esforço de equipa, mas a F1 não é um ‘one-man act’?

"O êxito em todas as áreas da vida é um trabalho em equipa, é assim que és mais forte. A Fórmula 1 é um trabalho em equipa e não de uma só pessoa".

Liderou a Benetton e a Ferrari aos seus títulos mundiais, e ajudou a dar forma à Mercedes – estes períodos são comparáveis de alguma forma?

"Na Benetton tentámos formar uma equipa, crescer e ganhar campeonatos, na Ferrari fizemos o mesmo. Na Mercedes também tentámos o mesmo com menos tempo. Mas pensando bem há uma coisa em comum: Ross Brawn. Pensem nele".

Como parte do seu esforço contínuo para melhorar, analisava todos os outros pilotos ou apenas os melhores?

"Para avançar tens que fixar-te no carro, em ti mesmo e em todos os outros pilotos. Todos têm algo especial e eu queria saber o que era".

Sempre disse que as corridas de ‘kart’ são o melhor treino para as classes seguintes da competição. Porque pensa isso?

"Dá-te muitas facilidades e muitas aptidões que podes desenvolver. Lutar roda com roda é uma das melhores coisas que podes aprender no karting".

É possível chegar ao topo com base apenas no talento?

"O talento é importante no automobilismo, como em qualquer outro desporto, mas não é tudo. Tens de desenvolver muitas qualidades distintas e o karting é uma boa base para demonstrar o teu talento, mas também para encontrar outras habilidades que precisas para seres piloto".