No dia 21 de Julho de 1969 a Fiat comprou 50% do capital da Ferrari depois de um longo processo de dúvidas quanto ao futuro da marca de Maranello. Nos anos 60 a situação económica ditada pela crise petrolífera agudizou as dificuldades de muitos construtores e a Ferrari não foi uma excepção. Foram anos difíceis para Enzo Ferrari que não estava habituado a que a imprensa italiana, que sempre lhe foi fiel, publicasse notícias como a que saiu no "Il Giorno" sob o título "Gli anni neri dell’invencibile" (os anos negros do invencível), um estudo tão crítico como cáustico sobre o que a marca copiava dos seus concorrentes quer nos automóveis de série quer na competição.
As dificuldades do homem que já perdera Dino, o seu filho dilecto, pareciam tê-lo vergado. Por isso, ninguém estranhou a aproximação da Ford que em 1963 ensaiou a compra da Ferrari, apesar de Enzo ser um nacionalista fundamentalista para quem qualquer solução com vista ao futuro teria de ser encontrada em Itália.
Contudo, os contactos avançaram. Feitos de avanços e muitos recuos por parte do comendador, que parecia andar a entreter os americanos com os mais variados problemas, tanto mais que ele admitia a venda mas queria permanecer à frente da Scuderia e continuar a gerir a competição, o que a Ford não aceitou.
Vingança. A rotura acabou por se verificar e seria esta decisão que levou Henry Ford a apostar na humilhação de Enzo Ferrari onde lhe seria mais penoso: a competição. Por isso, a Ford lançou o projecto GT40 para o Mundial de Resistência onde coleccionou triunfos face aos Ferrari, para além de ter lançado o motor V8 Cosworth que veio a marcar uma época no mundo da Fórmula 1.
Fiat Dino. Mas, se perdeu nas pistas, Enzo Ferrari ganhou um parceiro de peso: a Fiat. O primeiro sinal do entendimento com Giovanni Agnelli surgiu em 1965 quando a Fiat aceitou ajudar a Ferrari na homologação do motor que a Scuderia queria utilizar na Fórmula 2. Para essa homologação era necessário produzir 500 unidades do motor V6 e a Ferrari não tinha dinheiro. Por isso, a Fiat comprou esse motor para equipar um modelo muito especial – o Fiat Dino.
É certo que nem o super coupé da Fiat foi um sucesso comercial nem a Ferrari se afirmou como vencedora na Fórmula 2, mas a mensagem tinha passado e em Itália todos compreenderam que era necessário evitar que a marca de Modena caísse em mãos estrangeiras. Por isso, em 1969 a Fiat e a Ferrari anunciaram a participação paritária na marca de Modena, uma operação que o jornal "il Giorno" titulou na sua edição com destaque: "Ferrari realizou finalmente a obra-prima da sua vida". O namoro com a Ford servira para garantir o casamento com a Fiat, uma situação que perdurou até 2015.
A fusão da Fiat com o Grupo Chrysler deu origem ao Grupo Fiat Chysler Automobiles (FCA) em 2014 e desde essa altura foi decidido autonomizar a Ferrari do conglomerado que passou a integrar a Abarth, Alfa Romeo, Chrysler, Dodge, Fiat, Jeep, Lancia, Maserati e Ram. Em Outubro de 2015 a Ferrari passou a estar cotada na Bolsa de Nova Iorque e em Janeiro de 2016 na Bolsa de Milão, mas a maioria do capital pertence ao Grupo Exor da família Agnelli e 10% pertence a Piero Lardi Ferrari, o filho de Enzo Ferrari.