A VW não quer perder o "comboio" na frenética corrida por aquela que é já uma das mais apetecíveis fatias do mercado automóvel mundial, a dos SUV. E estando já bem representada na parte superior, com os Touareg e Tiguan, faz agora um esforço para recuperar terreno nos modelos compactos, precisamente onde as vendas mais crescem! Primeiro com o T-Roc, um SUV do tamanho do Golf e que é feito na sua fábrica portuguesa, em Palmela, mais tarde com o T-Cross, o equivalente ao "Polo SUV".
Embora não faça parte da primeira "leva" de T-Roc que chegarão ao mercado nacional ainda este ano – apenas motores a gasolina –, pudemos experimentar com mais detalhe a interessante variante Diesel de 150 cv com tracção integral e o nível máximo de equipamento. Que chegará com a próxima Primavera para ajudar a VW a conquistar… um lugar ao sol!
DESIGN. Num panorama já "engarrafado" de SUV, a VW tinha de se destacar pela diferença e a sua habitual estratégia das linhas conservadoras para agradar a gregos e troianos nunca funcionaria aqui… Arriscou e fez bem, concebendo um carro de vincada personalidade, ar jovial e amigável, pela frente simpática, com as luzes diurnas/piscas a darem uma ideia de uns olhos que nos espreitam de baixo para cima.
Uma forma de "humanizar" um carro que tem, depois, linhas fortes e tensas para mostrar a solidez que se pede a um SUV, com uma grelha bem larga, cavas das rodas salientes, linhas de cintura elevada e um pilar C grosso e inclinado para se parecer com um "coupé". No geral, um "design" bastante emocional que toca em cheio num dos primeiros critérios de compra de um automóvel!
HABITÁCULO. O interior é espaçoso "q.b.", atendendo a que o T-Roc tem dimensões semelhantes às de um Golf. À frente não coloca quaisquer problemas, é desafogado, atrás é bom para dois adultos, fica mais acanhado quando é preciso transportar três, em especial para quem vai ao meio. O ar bem-disposto do exterior – em que a pintura bicolor tem forte contributo, embora com um custo de 950 € – passou para o habitáculo pelas inserções na consola, "tablier" e portas na cor da carroçaria.
O painel é dominado pelo ecrã táctil de 8’’, onde se comandam o rádio, navegação, telefone e configurações várias do carro, mas também algumas aplicações que se conseguem "espelhar" a partir dos nossos "smartphones". O interior, na verdade, não nos guarda surpresas de maior, sendo muito semelhante ao do da última geração do Golf, contando nesta versão Sport com o Active Info Display (painel de instrumentos digital) como equipamento de série.
Uma palavra ainda para a bagageira a que se acede com relativa facilidade – o plano de carga é, obviamente, mais alto que numa berlina – e que atinge interessantes 445 litros de capacidade. Pelo rebatimento dos bancos, na proporção 60:40, pode atingir-se um volume de carga máximo de 1290 litros.
MOTOR. Este dois litros turbodiesel já não tem segredos, é um motor usado não só em diversos modelos da marca mas também por outras marcas do Grupo VW. Aqui apresenta-se na versão de 150 cv (para "subir" ao de 190 cv paga-se mais 4200 €) que tem um funcionamento suave, com força em baixas rotações e bem ajudado pela caixa automática DSG de 7 velocidades.
Mas o ideal mesmo é utilizá-lo no modo Normal ou Eco, em que se aprecia melhor a sua agradabilidade. Quando se selecciona o modo Sport as trocas de mudança são feitas já nos regimes muito elevados, quando o motor se torna ruidoso e desagradável. Além de que não consegue os consumos bastante frugais que obtivemos no modo Eco, embora ainda longe do valor anunciado…
AO VOLANTE. A fácil entrada para o habitáculo deixa-nos sentados 10 cm acima do que estaríamos num Golf e é este o segredo da popularidade do SUV… Estranhamente, nos dias que correm, ainda temos de "dar à chave" para pôr este T-Roc a funcionar, mas há um sistema "keyless" opcional por 350 €.
A unidade ensaiada tinha caixa automática e isso é meio caminho para uma condução tranquila quando se pretende um ritmo de passeio, em que o T-Roc rola com um grau de conforto bastante bom, filtrando bem as irregularidades do piso. Mas podemos escolher o modo Sport que torna a caixa mais rápida, tal como a resposta do motor ao acelerador e a direcção mais directa. Nessa configuração, o T-Roc foi uma agradável surpresa em termos de agilidade, mal se notando a sua maior altura, numa bela exibição dinâmica, entre os melhores do segmento.
Experimentámos também um pequeno percurso fora de estrada, num caminho em razoável estado de conservação, tirando alguns regos abertos pelas chuvas recentes. Escolhendo o programa "Offroad" no comando rotativo, garantimos a passagem de binário para o eixo traseiro assim que há a mais pequena perda de aderência nas rodas da frente – o T-Roc 4Motion é sempre um tracção dianteira, só passando binário para as rodas traseiras quando as da frente não aguentam mais… E nota-se a forma como o eixo posterior consegue manter o carro "nos eixos", mesmo quando se acelera com mais determinação à saída das curvas, conseguindo evitar que o T-Roc escorregue de frente.
No fundo, a condução/utilização do T-Roc é de grande competência, mesmo se não é propriamente um carro excitante. Dito por outras palavras, é mais… um VW: faz tudo bem feito, mas sem grandes espalhafatos. E com um equipamento bastante completo vai chegar ao mercado pronto a fazer estragos!
FICHA TÉCNICA
Motor 4 cilindros
Cilindrada (cc) 1.968
Potência máxima (cv/rpm) 350/3.500-4.000
Binário máximo (Nm/rpm) 340/1.750-3.000
Velocidade máxima (km/h) 200
0 a 100 km/h (s) 8,4
Consumo médio (l/100 km) 5,1
Emissões CO2 (g/km) 133
Preço (€) 44.035
+ IMAGEM. Na temível luta dos SUV já não chega… ser SUV. E o T-Roc destaca-se pela imagem jovial que irá atrair muitos clientes para a VW, logo uma marca que até prima pela imagem conservadora dos seus modelos.
- PLÁSTICOS. Se surpreende positivamente por fora, o VW T-Roc desilude-nos por dentro, ao usar plásticos duros e de toque desagradável no "tablier" e portas, como não é hábito da marca que costuma ser mais criteriosa nos materiais empregues…