Os automóveis eléctricos têm vindo a fazer o seu caminho, a passar pelo seu "crescimento", melhorando a tecnologia a cada ano que passa, aumentando também a sua aceitação. Em especial, à medida que a autonomia vai crescendo, pouco a pouco, para níveis que começam a satisfazer a utilização diária de várias pessoas.
DESIGN. A BMW quis que a gama eléctrica – da "família i" – tivesse uma personalidade muito própria, não se confundisse, de forma alguma, com os seus modelos convencionais. O i3, para mais, tem carácter e dimensões de citadino como não encontramos em qualquer outro BMW, o que também permitiu desenhar algo de totalmente diferente. Ao princípio foi um choque para os fãs da marca de Munique mas, quatro anos passados sobre o seu lançamento, as formas e as linhas invulgares já se "entranharam", em especial aquela linha de cintura com o tão característico "desce-e-sobe".
HABITÁCULO. É incontornável começar por falar no acesso, pelas portas de abertura antagónica, o que permite que as traseiras (que incluem o pilar B) tenham uma dimensão mais pequena. Facilita a entrada aos lugares traseiros, é verdade, mas complicam muito a funcionalidade em determinadas situações, pois não são operáveis sem a abertura das da frente. O que não dá jeito nenhum quando se vai buscar um filho à escola ou quando apenas se quer dar uma boleia a um segundo passageiro, por exemplo.
Interessantes são os materiais utilizados no interior – embora esta unidade já não tivesse as aplicações em madeira do i3 original… –, mantendo até à vista algumas das partes em fibra de carbono (plástico reforçado com fibra de carbono, para sermos mais exactos) usada na construção de toda a estrutura do carro. Esta unidade contava com o "pack" Comfort Advanced que, entre outras coisas, conta com volante multifunções, sensores de chuva e luz, ar condicionado automático, "cruise control" com travagem de emergência e sistema de navegação Professional. Que inclui um serviço "online" com informações várias, nomeadamente notícias que podem ser seleccionadas e… lidas em voz alta.
A bateria de iões de lítio tem agora uma capacidade útil de 27,2 kWh e pode ser carregada de três formas distintas: numa tomada caseira de 16 A demora quase dez horas para uma carga completa; tempo que se reduz a 3,5 horas numa "wall box" específica mas que se pode montar numa garagem; em postos de carregamento rápido, a bateria chega aos 80% da carga em menos de 45 minutos.
Mas as baterias colocadas no chão do carro fazem com que o centro de gravidade fique muito baixo, dando-lhe uma insuspeita estabilidade, ajudada por uma suspensão seca, mas que nem sempre é muito confortável. Não estamos a dizer que seja um desportivo ou um "mini-GTI", mas que se mexe muito bem e que consegue dar um grande gozo de condução, lá isso é verdade. Quem disse que os eléctricos não podiam ser divertidos de guiar?!
E é esse o segredo para ir prolongando a autonomia deste i3, colocando o sistema de regeneração de energia a recarregar as baterias sempre que possível. Claro que esse nível de regeneração também varia em função do modo de condução escolhido. De entre três: Comfort, Eco Pro e Eco Pro+. Este último é o que permite maior autonomia, mas com as limitações de velocidade aos 90 km/h e de não usar climatização.
Não deixa, contudo, de ser um valor mais que suficiente para o que a maior parte das pessoas percorre no dia-a-dia… desde que não se entusiasme com o dinamismo entusiasmante do BMW i3. Depois, também é verdade que o carro é caro, nem propondo a hipótese do aluguer das baterias para ficar mais em conta. Mas, atendendo à escalada recente (e que parece estar para se agravar) do preço da gasolina e gasóleo, a opção eléctrica vai fazendo cada vez mais sentido!
Ficha técnica
Motor Eléctrico, síncrono
Potência máxima 125 kW (170 cv) /4.800 rpm
Binário máximo 250 Nm
Velocidade máxima 150 km/h
0 a 100 km/h 7,3 s
Consumo médio 13,1 kWh/100 km
Preço desde 42.710 €
Preço versão ensaiada 46.040 €
+ ACELERAÇÕES. Fazendo jus à fama da marca, até o eléctrico da BMM tem características desportivas, com um "disparo" que o torna imbatível quando o semáforo ficar verde. Desde que não haja preocupações com a autonomia…
- FUNCIONALIDADE. É uma imagem diferenciadora, mas as portas de abertura antagónica têm mais desvantagens que vantagens... Há ocasiões em que aquilo de a porta traseira não se abrir sem se abrir a dianteira não dá mesmo jeito nenhum.