A Ford voltou a reagir ao crescimento imparável do segmento dos chamados "B SUV" ou mis conhecidos como os SUV urbanos, com uma profunda renovação do seu Ecosport. Não se pode falar de uma nova geração pois, estruturalmente, é o mesmo carro, mas as novidades são tantas que é muito mais que um simples "restyling".
O que, na verdade, não é nada se atendermos ao muito que o Ecosport evoluiu. A forma geral pode estar quase igual à do anterior mas são 2300 novos componentes que tornam este modelo totalmente diferente, fruto de um investimento de 200 milhões de euros. A prova da forte aposta da Ford neste pequeno que completa a sua oferta SUV (juntamente com Kuga e Edge) e que passou até por passar a sua produção da Índia para a Europa, mais concretamente para Craiova (Roménia).
O trabalho estético começou logo na dianteira, com as novas grelha e ópticas a procurarem dar um visual mais poderoso, em conjunto com o pára-choques mais envolvente e com um detalhe curioso na explicação do responsável pelo "design": a inspiração numa… mochila (ou não fosse este um modelo virado para uma clientela mais jovem), em que as alças são aquela parte mais saliente do pára-choques que parece separar os faróis de nevoeiro. Como se todo o Ecosport fosse uma mochila "às costas" daquela dianteira de aspecto vigoroso.
Todo o modelo recebe pequenos retoques que lhe pretendem dar um ar mais jovial e desportivo. No acabamento Titanium tem protecções inferiores à frente e atrás que lhe dão um ar mis aventureiro e pode receber jantes até… 18 polegadas! Há também o nível ST Line que tem uma carroçaria mais próxima do solo, sendo a única com pintura bicolor, de série com o tejadilho em preto, mas com mais quatro cores em opção, num total de 17 combinações.
O interior sofreu também profundas alterações, primeiro com materiais e montagem de melhor qualidade, depois com um desenho mais na horizontal, consola central com menos botões e os ecrãs tácteis herdados do Fiesta, com 4,2’’, 6,5’’ e 8’’. Estes dois últimos contam com o sistema Sync3 de comunicações e entretenimento da Ford que é compatível com o Android Auto e o Apple CarPlay.
Em termos de dimensões o habitáculo está igual ao que era, pois as dimensões do Ecosport quase não se alteraram: 4,10 m de comprimento – os novos pára-choques somaram 8 cm –, 1,765 m de largura e 1,713 m de altura (com barras de tejadilho). Já a bagageira passou a ter 334 litros, o que representa um aumento de 24 litros, mas que podem chegar aos 356 litros utilizando o espaço sob o fundo da mala. Com os bancos rebatidos (40:60), a volumetria atinge os 1238 litros. A porta continua a abrir de lado (ao menos para o lado certo, quando se estaciona junto ao passeio…), com o botão de abertura bem dissimulado na óptica direita.
A Ford anunciava que tinha tornado este novo Ecosport mais refinado, mas foi a palavra "suave" que mais vezes nos assomou ao longo da experiência de condução: já falámos na utilização do motor e na forma como ganha força, mesmo vindo dos mais baixos regimes; o manuseamento da caixa; a maneira como a suspensão filtra o empedrado e até algum asfalto mais esburacado; a forma como a direcção transmite com rigor o que se passa no contacto entre as rodas e o asfalto; em ritmos mais rápidos e até "provocantes" em estradas sinuosas, a maneira como avisa de que está a chegar aos limites, afundando ligeiramente o canto dianteiro exterior e dando uma sacudidela de traseira; e, por fim, até a forma como o ESP está calibrado, actuando sobre o binário e os travões para "segurar" o carro sem se dar por ela.
Esta versão foi feita mais a pensar numa segurança reforçada em países onde chove muito ou neva do que propriamente em aventuras todo-o-terreno, em que o Ecosport se deverá limitar a conceitos "light" – ângulos TT de 21º (ataque), 23º (ventral) e 33º (saída). O sistema Intelligent All Wheel Drive consegue controlar a distribuição do binário entre tudo para o eixo dianteiro até 50% para cada eixo, em função da aderência.
São, de facto, muitas as novidades para falarmos apenas num "restyling" do Ford Ecosport. O SUV urbano ganhou novos atributos e melhorou em qualidade em todos os aspectos, preparando-se melhor para uma luta temível: afinal, há uma fatia de 860 mil carros a disputar que foi quantos B SUV se venderam, mas que está a crescer ao ritmo de 13% ao ano!