A Citroën lança-se à conquista dos jovens dos grandes centros urbanos com um veículo eléctrico que vai "virar" as cabeças por onde quer que passe como se de um ovni se tratasse.
Embora muitos possam desdenhar este quadriciclo eléctrico virado para a micro-mobilidade urbana, certo é que o AMI gerou sorrisos entre os transeuntes nas ruas de Lisboa.
Raramente uma novidade suscitou tanta curiosidade, muito devido à sua estética algo "quadrada", mas é a maneira como se desembaraça no trânsito citadino que surpreende.
Claro que, para quem está habituado a guiar verdadeiros automóveis, as primeiras impressões ao volante podem ser decepcionantes.
O controlo de custos para tornar esta solução acessível está bem patente na construção do Citroën AMI. A carroçaria em plástico é proposta numa cor única azulada, e os materiais interiores são muito básicos, a começar pelos bancos rígidos.
Os pequenos espelhos laterais são iguais aos de uma scooter, mas falta o imprescindível espelho retrovisor central e o rádio.
Claro que pode ser "embelezado" com vários elementos opcionais de personalização para torná-lo um pouco mais apresentável, e sempre na óptica do "faça você mesmo".
Principal vantagem? Como qualquer quadriciclo equipado com motor a combustão, o Citroën AMI não precisa de carta de condução; basta uma licença da categoria B1.
Sem surpresa, o veículo tem nos jovens o seu público-alvo preferencial, assumindo-se como uma solução para as bicicletas e trotinetes eléctricas de aluguer que enxameiam as ruas da capital.
Antes de sentarmo-nos ao volante do Citroën AMI, não estávamos cientes como seria o comportamento desta viatura que quase parece um "brinquedo".
Todavia, a velocidade está perfeitamente adaptada ao "pára-arranca" do trânsito de uma cidade como Lisboa; só em ruas sem trânsito sentimos que poderia andar mais rápido.
E, graças ao diâmetro de viragem de 7,2 metros, percebemos de imediato que é muito manobrável para fugir aos congestionamentos urbanos.
A suspensão consegue absorver de forma satisfatória as irregularidades do piso, mesmo em ruas empedradas como na zona de Campo de Ourique.
Claro que estamos longe da suavidade habitual dos verdadeiros carros da marca mas a suspensão rígida controla bem os movimentos da carroçaria.
Sem sistemas ABS ou ESP, precisamos de ter maior controlo sobre a condução: calcar o pedal de travão tem de ser feito com força!
Quando levantamos o pé do acelerador, a travagem "regenerativa" é suficiente para quase o fazer parar.
É a estacionar que este AMI de 2,41 metros de comprimento e 1,39 de largura se torna quase imbatível. Só mesmo as bicicletas e trotinetes eléctricas têm vantagem sobre ele.
Sem indicador de consumo eléctrico no ecrã a bordo, os 75 quilómetros de autonomia oferecidos pela bateria de 5,5 kWh dissipam-se mais depressa do que o indicado pela marca.
A diferença não é demasiado larga, no entanto, sabendo ainda que, em três horas, a bateria é recarregada numa tomada eléctrica de 220 volt como se de um telemóvel se tratasse.
Também pode ser carregada num posto de carregamento público ou numa wallbox através de um adaptador.
Um pára-brisas muito avançado, e uma superfície vidrada sem obstruções em redor do habitáculo, dão uma sensação de espaço a bordo maior do que tem na realidade.
As janelas laterais abrem em compasso para cima, como no mítico 2 CV, e o acesso ao interior é facilitado pelas grandes portas de abertura antagónica, com os puxadores internos a serem uma pequena fita.
De maneira alguma nos sentimos apertados com o "copiloto" ao lado, com os bancos rígidos em plástico a darem uma boa postura.
O assento do condutor é ajustável em comprimento, para uma melhor posição de condução mas o mesmo não se passa com o do passageiro.
Mais recuado, o espaço que tem aos pés serve de "bagageira" para levar pequenos objectos; aliás, a capacidade de carga está limitada apenas a 63 litros!
No pequeno ecrã instalado na coluna da direcção, os dados resumem-se à velocidade e à autonomia, além das indicações dos três modos de condução.
A selecção de D, N e R é feita através dos botões instalados ao lado do banco. E há um sinal sonoro a "pedir" que puxemos o travão de mão e seleccionemos o modo N quando estamos parados no tráfego.
Só com a aplicação My Citroën instalada no telemóvel, através da box conectada DAT@MI, o condutor acede a informações como o estado de carga da bateria e o tempo restante para uma carga de 100%, quilometragem, além dos alertas de manutenção.
O Citroën AMI assenta numa gama composta por sete variantes de passageiros e uma versão comercial, baptizada como My AMI Cargo.
Partindo da base AMI, é proposto aos clientes um kit de personalização disponível em quatro cores, e acessórios fáceis de instalar, numa lógica "faça você mesmo".
O kit inclui elementos decorativos funcionais como uma rede de separação central, tapetes, compartimento de arrumação na parte superior do tabliê, e suporte para o telemóvel.
Exemplo de uma nova experiência de mobilidade urbana, o Citroën AMI pode ser comprado através do portal de internet ou nos concessionários da marca, assim como na rede de lojas FNAC; pode ainda ser entregue directamente em casa do cliente.
Limitado à circulação em cidade, não resolve, no entanto, os problemas de trânsito. Por mais pequeno que seja, ficará sempre bloqueado numa rua saturada de carros.
Os preços do Citroën AMI arrancam nos 7.350 euros para a versão-base, chegando aos 8.250 euros na variante mais equipada. O comercial My AMI Cargo custa 7.750 euros.
Motor: eléctrico
Bateria: 5,5 (kWh)
Autonomia: 75 (km)
Carregamento: 3 horas a 220 V
Potência máxima: 6 kW / 8 cv
Transmissão: única com selector de três posições
Velocidade máxima: 45 km/hora
Aceleração: 10 segundos dos 0-45 km/h
Preço: de 7.350 a 8.710 euros
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