Há um novo citadino eléctrico chinês para concorrer com os rivais europeus e sul-coreanos. Baptizado como Dongfeng Box, está longe de ser uma caixa quadrada sobre rodas como o nome pode fazer crer.
Com uma estética muito jovial e recheado de tecnologias mais próprias de gamas superiores, explica duma maneira muito directa os receios por que passam grande parte dos construtores europeus.
Com 95 cv de potência e uma autonomia em redor dos 310 quilómetros, à conta duma bateria LFP de 44 kWh recarregável a 75 kW DC, tem obviamente no preço um dos principais trunfos.
A defini-lo estão linhas muito limpas e atraentes, sem esconder as semelhanças com "eléctricos" como o Smart #1.
Essa ideia percebe-se logo na área frontal, com faróis LED bem rasgados, unidos por uma faixa luminosa sobre um pára-choques maciço.
A traseira tem uma estética mais consensual mas nem por isso deixa de exibir uma personalidade muito própria para quem quer afirmar-se na cidade com um estilo diferente.
Os pouco mais de quatro metros que tem de comprimento fazem recear um espaço limitado a bordo para cinco ocupantes.
Nada mais errado, como demonstram os 2,66 metros que separam os dois eixos, com a capacidade da bagageira a chegar aos 326 litros, subindo aos 950 litros com os bancos traseiros rebatidos.
Original num carro deste segmento é o facto dos bancos dianteiros poderem ser regulados até ficarem horizontais, fazendo deles camas de recurso para pausas retemperadoras enquanto a bateria carrega.
Para um puro citadino, é difícil ficar indiferente à qualidade dos materiais e dos acabamentos; sente-se bem o conforto deste estofos em pele sintética nesta variante Plus.
Os bancos à frente, com regulação eléctrica, são aquecidos e ventilados, mas, mesmo assim, há algumas opções que destoam do bom ambiente geral, como o facto do volante só poder ser regulado na vertical
Além disso, o banco central traseiro não tem encosto de cabeça, como se a capacidade oficial para cinco pessoas só seja no papel e, inexplicavelmente, falta o resguardo para tapar o porta-bagagens.
O Dongfeng Box nesta variante Plus só tem 95 cv e 160 Nm mas são mais do que suficientes para os trajector urbanos. Os arranques são rápidos como em qualquer "eléctrico", e a condução muito ágil para escapar pelo meio do trânsito.
Nas acelerações, os zero aos 100 km/hora cumprem-se em 10,6 segundos, para uma velocidade máxima a bater nos 140 km/hora. Pena mesmo são as várias correcções de trajectória que é preciso fazer ao volante, demasiado leve e solto.
A prevenir quaisquer erros, pode contar-se com a ajuda dos 11 assistentes à condução que possui. Não fazem milagres, é certo, mas a câmara a 360 graus é bem útil nas manobras mais complexas.
Com três modos de condução pontuados pelo nível Sport, basta usar o Normal numa condução mais rotineira na cidade, já que o Eco pouco ou nenhum benefício oferece para consumos mais racionais.
Incomodativo para uma condução mais fluida é a falta de controlos físicos para seleccionar aqueles modos, nivelar a travagem regenerativa ou mesmo regular a climatização.
Esses parâmetros apenas podem ser comandados no ecrã de 12,8 polegadas para o infoentretenimento mas é quase impossível fazê-lo em andamento…
… Até porque o sensor de bordo está sempre a alertar de forma bem sonora para o condutor olhar em frente e não largar as duas mãos do volante!
Uma certeza é que este citadino oferece uma qualidade de condução razoável: o chassis até está bem equilibrado, e a estabilidade em curva é satisfatória desde que não se entregue a abusos.
O consumo abaixo dos 16 kWh/100 km está bem calibrado para atingir os 310 quilómetros teóricos dados pela bateria de 44 kWh brutos, que até pode chegar aos 340 em ambiente urbano.
Claro que uma distância tão curta torna difícil viagens mais longas mas bastam 30 minutos para carregá-la de 30 a 80% a uma potência de 88 kW em corrente contínua.
É ainda cedo para perceber se este Dongfeng Box terá sucesso no mercado português mas as primeiras impressões são positivas.
Bem construído e melhor equipado, são poucos os que lhe conseguem fazer frente no preço e na autonomia.
A entrada na gama faz-se abaixo dos 27 mil euros mas a variante Box Plus ensaiada começa nos 28 mil euros.
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