A Alfa Romeo vem fazendo, há já uns anos, um esforço de renovação que significa a sua própria sobrevivência, mas já não bastava lançar novos e melhores produtos nos segmentos em que sempre brilhou. Agora, marca que queira atingir volumes e rentabilidades que lhe garantam o futuro não pode passar sem um SUV, até já os construtores de ultra-luxo o perceberam.
DESIGN. Apesar da sua grande volumetria e de um "capot" numa posição aparentemente elevada (embora pague Classe 1 nas auto-estradas), o Stelvio tem uma linha que ostenta claramente o ADN da Alfa Romeo. O grande escudo da marca na grelha dianteira tornam-no inconfundível, embora obrigue à atípica solução de descentrar a placa de matrícula.
A linha de cintura elevada dá-lhe um ar robusto e disfarça a maior altura ao solo, necessária para um modelo que tem aspirações a passeios fora do asfalto. As cavas das rodas proeminentes contribuem também para o ar desportivo deste SUV, contando de série com jantes de 18’’ mas podendo receber, em opção, rodas até 20’’.
HABITÁCULO. A unidade do Stelvio que conduzimos era do nível de acabamentos Super e exibia um interior de montagem cuidada, com alguns revestimentos em madeira e outros materiais de alguma nobreza em várias zonas. Noutras, onde se mexe menos, havia materiais apenas normais. Mas a apresentação geral é muito boa e é até uma agradável surpresa para os antigos produtos da Alfa Romeo, mostrando um grande esforço para se aproximar da concorrência germânica.
O habitáculo não só é espaçoso como, para o condutor, é… descomplicado e isso é muito positivo para a condução. A coluna da direcção conta com gigantescas patilhas para acionar manualmente a caixa automática de 8 velocidades, o que quer dizer que estão sempre à mão, qualquer que seja a posição do volante. Os restantes comandos no volante são de utilização clara. Na consola central apenas existe um comando rotativo para controlar as funções que aparecem no ecrã central e o comando dos três modos de condução, o chamado "dna" (Dynamic, Natural e Advanced Eficciency).
MOTOR. Estando a falar de um Alfa Romeo, a versão mais interessante das três propostas com o motor 2.2 turbodiesel é, obviamente… a mais potente! Ainda para mais as variantes de 150 e 180 cv apenas estão disponíveis com tracção traseira, enquanto a de 210 já tem tracção integral (pelo sistema que a marca designa por Q4), como deve ser num SUV que se preze.
Com injecção directa e turbo de geometria variável, este motor tem um funcionamento suave em baixas rotações mas, a partir das 1500 rpm, ganha um fulgor que o transforma num propulsor musculado e à altura dos pergaminhos da Alfa Romeo enquanto marca desportiva. Mesmo quando montado num carro cujo peso ultrapassa os 1700 kg! Os consumos é que não são tão optimistas quanto a marca anuncia mas, numa condução normal, conseguimos mantê-los na casa dos 7 l/100 km, o que é muito razoável para um automóvel destes.
Com o selector de modos em Dynamic, a reacção de acelerador e caixa tornam-se muito mais rápidos e o Stelvio responde quase instantaneamente a todas as solicitações. Claro que convém lembrar que não estamos a falar de um desportivo baixinho, com o centro de gravidade junto ao chão, mas de um automóvel com 1,67 m de altura – já agora junte-se os 4,69 m de comprimento e 1,90 m de largura – que torna tudo mais difícil…
Mas há uma sensação de leveza no Stelvio – apesar dos 1734 kg é dos mais leves entre os concorrentes – que lhe permite abordar as curvas com aquele à-vontade, encaixando as transferências de massa sem grande adornar e mantendo a compostura. No limite até nos recorda que a Alfa Romeo voltou aos tempos dos tracções traseira, com ligeiro escorregar do eixo posterior. Uma diversão que se completa com o uso da caixa em modo manual, através das mega patilhas, pelo seu rapidíssimo funcionamento, permitindo até "duplas", ou seja, reduzir duas velocidades de uma vez só, numa travagem mais forte, para ter logo força na saída.
No final, a sensação de uma agradável surpresa e de que a Alfa Romeo, com a renovação do Giulietta, com as qualidades do Giulia, a aposta no Stelvio (que já está a mostrar a sua importância, no crescimento da produção da marca) e o plano de produto que ainda recentemente apresentámos, poderá vir a recuperar nos próximos anos a solidez e o papel que merece ter na indústria automóvel. Pela legião de fiéis admiradores que consegue ter, até em mercados como o norte-americano onde só agora está a entrar em força!
FICHA TÉCNICA
Motor: 2.2 Diesel, 4 cilindros
Cilindrada: 2.143 cc
Potência máxima: 210/3.750 rpm
Binário máximo: 470 Nm/1.750 rpm
Velocidade máxima: 215 km/h
0 a 100 km/h: 6,6 s
Consumo médio: 4,8 litros/100 km
Emissões CO2: 127 g/km
Preço: 57.800 €
Preço da versão ensaiada: 64.150 €
+ DINÂMICA. Usando a já elogiada base do Giulia, o Stelvio mostrou-se de uma agilidade surpreendente para um modelo tão alto, sendo bastante divertido de guiar em estradas sinuosas. Não é isso que (muitos) clientes Alfa Romeo procuram?...
- VISIBILIDADE. O formato do Stelvio faz com que o óculo traseiro seja pequeno e inclinado, limitando bastante a visão para trás. A solução é comprar a câmara traseira (300 € ou 600 € com sensores à frente e atrás) que até tem linhas que indicam a trajectória, mas a imagem desta é pequena e de fraca qualidade…