O arrojo da forma e o motor 4.0 V8 biturbo marcam o carácter do AMG GT C Roadster, um descapotável à medida de quem gosta de emoções muito fortes…
DESIGN. O GTC conta com esta proposta Roadster, que surge antes do coupé que também vai marcar presença no catálogo da marca. A título pessoal, consideramos que esta opção é a mais apetecível, já que um desportivo deste calibre deve ser apreciado sem qualquer tipo de filtros. É bom sentir o vento em aceleração e ainda melhor ouvir o cantar rouco do motor.
É grande, sem ser enorme. Os seus 4,55 metros de comprimento e os dois metros de largura permitiram definir uma forma equilibrada num modelo que utiliza o mesmo chassis que surge no impressionante GT-R.
As cavas das rodas são mais amplas para permitir dilatar as vias. Isso é bem evidente na traseira, onde as "ancas largas permitem montar pneus 305/30 R20, contribuindo para melhorar tanto a estabilidade direccional como a tracção.
MOTOR. O bloco 4.0 V8 biturbo é uma das melhores propostas disponíveis no mercado com esta arquitectura. No GT C debita 577 cv e garante 680 Nm de binário, disponíveis entre as 1.900 e as 5.500 rpm. Mais impressionante do que a aceleração de 0 a 100 km/h (a AMG anuncia 3,7 s), é a resposta nos regimes intermédios. Mesmo a uma velocidade na casa dos 140 km/h, ao esmagar o acelerador este Roadster salta para a frente como um míssil, colando as costas do condutor ao banco. Mas em ritmo de passeio, com o motor a ronronar como um gatinho, o GT C parece dócil, o que é agradável para uma utilização no meio do tráfego urbano.
Quem compra um desportivo deste nível não está preocupado com os consumos, mas a título de curiosidade podemos dizer que não é impossível realizar médias na casa dos 16 litros/100 km, mas é muito fácil ultrapassar (muito) os 20 litros/100 km.
Os bancos da versão ensaiada são os AMG Performances (2.900 €). São muito baixos, para reduzir o centro de gravidade, garantem uma excelente posição de condução e integram o "airscarf" que tem uma saída do ar condicionado ao nível do pescoço.
A consola central é muito volumosa para cobrir a caixa automática de sete velocidades, colocada tão atrás quanto possível para melhorar a repartição de massas e o túnel da transmissão. Integra os comandos dos modos de condução (Comfort, Sport, Sport + e Race), das leis de amortecimento da suspensão, da gestão da transmissão e até da sonoridade dos escapes...
O sistema multimédia com o "Comand on-line" de série integra o comando rotativo e o touch pad. Mas a gestão do sistema não é o mais intuitivo. Exige habituação para encontrar o melhor caminho para a opção desejada, seja na navegação, info-entretenimento ou regulações do veículo.
Com 165 litros de volume, a bagageira apenas responde às necessidades de um fim-de-semana a dois.
AO VOLANTE. A direcção é rápida e incisiva. Permite "sentir" a estrada sem ser demasiado pesada e contribui para desfrutar da agilidade deste roadster, sobretudo com a transmissão no modo Sport+ (com o ESP desligado), dando origem ao escorregamento das rodas traseiras em aceleração à saída das curvas.
A caixa automática de sete velocidades é rápida e contribui para sublinhar todo o potencial do motor. Em aceleração basta "dar à patilha" sob o volante para subir a velocidade, sempre com o acelerador a fundo e sem perder uma rotação do V8 biturbo. As reduções são tão ou mais rápidas. A electrónica substituiu o efeito "ponta-tacão" para garantir o regime certo para engrenar a velocidade.
As vias mais largas evitam a subviragem na inserção em curva. A transição para a sobreviragem, com as rodas traseiras a escorregar, é progressiva e previsível. A traseira do GTC é mais pacífica, mas também muito mais eficaz. Depois, temos a eficácia da suspensão "AMG Ride Control", com amortecimento adaptativo de acordo com o tipo de piso ou o estilo de condução, o que ajuda a manter as rodas no chão. Por tudo isto, não temos dúvidas em afirmar que este GTC é dos mais eficazes AMG GT que já guiámos. Os travões merecem aplauso pela sua eficácia, sobretudo os carbocerâmicos que equipavam o modelo que ensaiamos. São potentes, não acusam fadiga, mas custam 8.600 €…
FICHA TÉCNICA
Motor |
V8 biturbo |
Cilindrada (cc) |
3.962 |
Potência máxima (cv/rpm) |
557/5.750-6.750 |
Binário máximo (Nm/rpm) |
680/1.900-5.500 |
Velocidade máxima (km/h) |
316 |
0 a 100 km/h (s) |
3,7 |
Consumo médio (l/100 km) |
11,4 |
Emissões CO2 (g/km) |
259 |
Preço desde (€) |
217.800 |
Versão ensaiada (€) |
238.800 |
+ CARÁCTER. A imagem e a potência do motor 4.0 V8 biturbo marcam o estilo radical de um roadster que deve ser visto como um prazer para os sentidos de quem aprecia a condução desportiva.
- EQUIPAMENTO. Como em qualquer Mercedes, configurar o GT C a preceito pode custar tanto ou mais do que um automóvel utilitário. Por isso, é aberrante que no habitáculo surjam plásticos a imitar alumínio.