Os hatchback desportivos têm vindo a ganhar popularidade, e nos últimos tempos a oferta tem crescido com propostas renovadas como o Honda Civic Type-R, o SEAT Leon Cupra, o Peugeot 308 GTI, o Ford Focus ST ou o VW Golf GTI, mas também com "rookies" como o Hyundai i30 N.
Como se tudo isto não fosse suficiente para dar nas vistas, as jantes de 18 polegadas (19 em opção) deixam ver as volumosas pinças dos travões e o travões de disco com 350 mm à frente e 290 mm na traseira. Como se já não bastasse, a pintura alaranjada, estilo McLaren, impede que o condutor passe ao lado da discrição.
MOTOR. O Mégane R.S. está equipado com o mesmo motor 1.8 Turbo que equipa o novo Alpine A110. Pensou-se que a Renault poderia ir para lá dos 280 cv agora propostos, mas "parecia mal" que este hatchback fosse mais potente do que a nova coqueluche da marca francesa, embora seja 340 kg mais pesado do que a "berlinetta" e isso é suficiente para fazer a diferença na relação peso/potência.
Tão ou mais importantes do que os 280 cv, são os 390 Nm de binário, sempre presentes entre as 2.400 e as 4.800 rpm, uma margem de utilização muito ampla que permite manter sempre o melhor regime em cada momento e desfrutar de uma boa resposta a cada aceleração. Este motor tem acoplada uma caixa automática EDC6 de dupla embraiagem e mais tarde vai dispor de uma caixa manual de seis velocidades. A diferença de preço são 1.700 €, mas num desportivo com estas características, a caixa automática vale o que custa.
Mesmo sem autoblocante, temos de admitir que a tracção é excelente. A qualidade do chassis ajuda muito. Para além da rigidez estrutural e da suspensão, com um sistema original de batentes hidráulicos que filtra na perfeição as irregularidades do piso. O R.S. é naturalmente duro e seco, mas não é desagradável, mesmo nos modos de condução mais agressivos (Sport e Race).
Quem procurar uma condução mais suave pode optar pelo modo Comfort. As costas podem agradecer, mas a adrenalina não é a mesma: tudo é mais progressivo, desde a resposta do motor à direcção. Convida ao passeio e é interessante numa utilização urbana, mas não é a mesma coisa em estrada. No fim de contas é uma solução semelhante à que surge no novo Hyundai i30 N e talvez até mais confortável.
A grande vantagem deste modelo passa pelo sistema de quatro rodas direccionais (4Control), que varia milimetricamente o alinhamento das rodas traseiras. O sistema, que também está disponível noutros modelos da marca, foi revisto e permite que a incidência das rodas posteriores varie na direcção contrária à curva até aos 60 km/h (100 km/h no modo Race) para garantir a agilidade, e na mesma direcção quando a velocidade é superior, para potenciar a estabilidade.
Deste modo, mesmo com alterações de trajectória de última hora na abordagem de uma curva, o eixo traseiro é capaz de minimizar os efeitos do exagero do condutor. É por estas e por outras que um tracção à frente, com tanta potência, não é subvirador.
O 4Control não é intrusivo: no modo Sport, basta levantar ligeiramente o pé do acelerador para segurar a frente e posicionar a traseira, mas quem quiser mais emoção, o modo Race desliga o controlo de estabilidade e um toque firme no travão permite descolar o eixo posterior, permitindo algum escorregamento, que ajuda a posicionar o Mégane na abordagem da curva, sublinhando a sua agilidade.
Mas as patilhas são muito importantes. Em modo totalmente automático as reduções não são tão rápidas quanto deviam durante uma travagem mais violenta e o mesmo acontece nas reacelerações à saída da curva, com o carro ainda em apoio, talvez devido à torção. Mas isso não acontece com o comando sequencial gerido com as patilhas.
Mesmo assim, gostamos mais desta proposta do que da opção com a caixa manual de seis velocidades, que conhecemos num curto contacto com o R.S. Cup no circuito de Jerez de La Frontera e reafirmamos que ela vale os 1.700 € que custa. A versão Cup ainda não tem preço definido e só vai estar disponível lá mais para o Verão. É sensível a diferença na suspensão, mais seca, e com a menor altura ao solo, mas apenas alguns vão notar que esta versão pesa menos 30 kg.
O consumo depende da força do pé direito no acelerador. Registámos valores na casa dos 27,9 litros/100 km na passagem pelo circuito de Jerez de la Frontera, 16,8 litros/100 km em estrada e acreditamos que é possível andar na casa dos 10 litros/100 km em modo "Comfort", se alguém quiser fazer este exercício num desportivo cujo preço começa nos 38.780 € da versão com caixa manual (disponível lá mais para a frente) e chega aos 40.480 € na proposta com caixa EDC...
FICHA TÉCNICA
Motor: 1.8 turbo
Cilindrada: 1.798 cc
Potência máxima: 280 cv/6.000 rpm
Binário máximo: 390 Nm/2.400-4.800 rpm
Velocidade máxima: 250 km/h
0 a 100 km/h: 5,8 s
Consumo médio: 7,1/6,9*
Emissões de CO2: 161/155* g/km
Preço desde: 38.780 €/40.480 €*
(*) Com a caixa automática EDC
+ CHASSIS. A rigidez, a suspensão eficaz e o bom desempenho do sistema 4Drive garantem uma agilidade notável ao R.S. 4.
- DIRECÇÃO/VOLANTE. Não era necessária tanta desmultiplicação nos modos de condução mais dinâmicos. As patilhas da caixa colocadas atrás do volante são demasiado curtas.