Já guiámos o novo Jaguar I-Pace e desde já admitimos que não foi um teste normal. Decorreu numa zona fechada, mas a marca britânica criou as condições para mostrar todo o potencial da sua nova proposta.
O I-Pace é apelativo ao primeiro contacto. A Jaguar considera-o um SUV, mas está a meio caminho entre a imagem desportiva e a que esperamos de um SUV. Os rótulos não são tão importantes quando estamos face a uma proposta mais do que original, e esse começa por ser primeiro trunfo de uma volumetria próxima do Jaguar F-Pace.
AO VOLANTE. Quando nos sentamos ao volante percebe-se que a originalidade da carroçaria não é tão evidente no interior. É certo que não há diferenças substanciais face ao protótipo apresentado no Salão de Los Angeles de 2017. Mas falta algum do radicalismo típico de um "show car". Podem ser as cores, as luzes ou qualquer outra coisa...
Mesmo assim, admitimos que o estilo é o mesmo, reconhecemos que pode variar com os níveis de equipamento, mas esperávamos mais... Gostos não se discutem, mas em termos objectivos é evidente que há espaço, muito espaço, à frente, atrás e até na bagageira, e isso acaba por ser mais relevante.
Para guiar o novo I-Pace, o nosso desafio foi semelhante ao colocado a Ansel Elgort, naquilo que a Jaguar apelidou de "Smart Cones". Estamos a falar de um percurso interactivo, tipo gincana, onde é necessário passar por diversas portas. O condutor tem de se dirigir à assinalada com luzes verdes, mas tem que estar muito atento para seguir em direcção às azuis, o obstáculo seguinte...
Quando chegou a nossa vez, à partida não ficámos impressionados com a aceleração do I-Pace (4,8 s de 0 a 100 km/h). Este é um "eléctrico" e os 400 cv ficam disponíveis quando se esmaga o acelerador. É como ter toda a luz na sala quando se liga o candeeiro...
Mas já nos surpreendeu a capacidade de travagem. É aqui que tudo muda de figura neste tipo de automóveis. Uma travagem violenta pára o I-Pace. Em muitos casos, numa condução normal, basta aliviar o pé do acelerador, porque o sistema de regeneração de energia actua como um travão antes de se travar e no pára-arranca quase que é possível esquecer o pedal do travão. Já conhecemos esta situação no i3 da BMW.
Depois, temos de aplaudir a agilidade do I-Pace, um SUV com quase três metros de distância entre-eixos. É certo que no meio do bailado da gincana os pneus chiam. É natural. Mas, mesmo assim, o I-Pace é eficaz num desafio que está longe de ser o seu "habitat".
O novo Jaguar I-Pace merece todos os elogios. Vai dar origem a um troféu internacional, que será disputado um paralelo com o Campeonato de Fórmula E e pode dar origem a um super-desportivo eléctrico. Mas temos que esperar até Maio para saber mais.
A apresentação internacional à Comunicação Social vai ter lugar no Algarve, e essa oportunidade é o momento adequado para ver até que ponto será possível cumprir os 480 km de autonomia anunciados pela Jaguar, e também para perceber como, em que condições e a que preço é possível garantir uma carga de 80 por cento em 40 minutos como a marca reivindica...