Já guiámos os Lexus LC 500 e LC 500 h

Motorizações híbridas e grandes desportivos fazem parte da tradição da Lexus. Se tem dúvidas, veja os LC 500 h e LC 500, que mostram de forma evidente a aposta ambivalente da marca Premium do Grupo Toyota. O design, tão arrojado como original das carroçarias coupé "à antiga", assume a imagem desportiva, sublinhada pelas motorizações. Mas, se por um lado temos um motor V6 surge associado a um sistema híbrido no LC 500 h, por outro, um V8 mostra que a tradição ainda é o que era no LC 500.

DESIGN. A Lexus tem vindo a afirmar um estilo radical que é (ou era) exclusivo e marcante. As linhas angulosas são evidentes, desde a enorme grelha dianteira aos LED’s dos faróis anteriores, ou às tomadas de ar. Esta imagem não é suavizada pelos alargamentos das cavas das rodas para permitir a montagem de pneus super-largos. e jantes que podem ir até às 21 polegadas.

É uma imagem de marca e, goste-se ou não, tem uma identidade própria, que acabou por ser usurpada pelos Toyota, que roubaram identidade e dignidade aos Lexus. São opções japonesas, que só os japoneses podem compreender...

Mesmo assim, o LC é capaz de afirmar a sua presença. É um coupé bem ao estilo americano. Tem 4,76 metros de comprimento, 1,92 metros de largura e 1,3 metros de altura e, se os números não enganam, é maior por fora do que no espaço disponível no interior. Os americanos gostam assim...

HABITÁCULO. A volumetria da carroçaria e os 2,87 metros entre-eixos podiam permitir um habitáculo mais espaçoso, mas este é um coupé do tipo 2+2 à antiga. Na frente o espaço não falta, mas os dois lugares traseiros são meramente decorativos...

O interior dos Lexus evoluiu muito. A qualidade de construção continua a ser uma norma, mas o aspecto deixou de ser "cinzentão" e banal para assumir um carácter sóbrio mas elegante, marcado por materiais de elevada qualidade, que esconderam alguns plásticos menos bons.

Os estofos e cores variam de acordo com os níveis de equipamento (Luxury, Sport e Sport Plus) onde o tejadilho em vidro ou carbono e uma asa traseira retráctil fazem a diferença, até no preço.

As propostas multimédia poderiam ir muito mais longe. Basta olhar para a oferta dos principais concorrentes europeus. O ecrã central não tem a dimensão ou o grafismo que vemos na Mercedes, BMW e Audi e o seu funcionamento com base num "touch pad" ao estilo dos computadores, não é o mais intuitivo.

O espaço para a bagagem não impressiona. Os 197 litros anunciados para o LC 500 são ainda mais reduzidos no LC 500 h (híbrido), que oferece apenas 172 litros.

MOTORIZAÇÕES. A Lexus, para não dizer o Grupo Toyota, faz gala do pioneirismo no campo das motorizações híbridas, mas não abdica das propostas tradicionais, que continuam a ter um mercado importante. Por isso, este coupé está disponível com um motor V8 de 5.0 litros de cilindrada com 477 cv de potência, que surge a par do inevitável híbrido com um V6 de 3,5 litros de cilindrada associado a um eléctrico e que no total debitam 359 cv.

São propostas diferentes, em modelos distintos, pensados para quem olha a vida de forma pessoal. 

Na Europa, a ecologia tem peso e os híbridos são uma opção. Ninguém duvida do apelo de um grande motor V8, mas, no nosso país, o super-motor custa mais 37 mil euros do que o LC 500 h com a motorização híbrida. Mesmo assim, estão disponíveis as duas propostas, apesar de o LC 500 V8 já entrar no campo da "pornografia" económica...

AO VOLANTE. O LC 500 h com o motor V6 3.5 de 359 cv é o único que faz sentido no mercado nacional, apesar do preço começar nos 120 mil euros. 

Qualquer das propostas conta com o motor na zona frontal, mesmo no caso do híbrido, onde as baterias surgem na traseira para garantir uma melhor repartição de massas.

A nova plataforma que dá origem a estes coupés permitiu baixar o centro de gravidade, o que, aliado à utilização de vários tipos de aço, potencia a rigidez estrutural para optimizar o comportamento dinâmico. 

A utilização de materiais leves, como estruturas em alumínio e em fibra de carbono, permitiram reduzir o peso, o que paga dividendos no campo das performances e também na redução do consumo e emissão de poluentes.

Em termos teóricos tudo bate certo, e o mesmo acontece na prática. Ao volante é difícil apontar grandes críticas a este coupé, mas também não é fácil avançar com grandes louvores. É honesto em todas as condições. A posição de condução baixa, para reduzir o centro de gravidade, permite uma condução com as pernas esticadas ao melhor estilo de um grande desportivo. 

Mas os LC 500 privilegiam mais o conforto do que a dinâmica. A direcção é precisa, mas filtra muito as irregularidades do piso; a suspensão é eficaz, mas não tem a firmeza que encontramos em concorrentes como o BMW Serie 6 ou Jaguar F-Type, permitindo algum adornamento quando se adoptam ritmos mais elevados; e mesmo a transmissão automática epicicloidal de quatro velocidades, com um modo desportivo ("M") referido como "Multi Stage", fica aquém das emoções oferecidas pelas caixas automáticas de dupla embraiagem. 

Tudo isto acaba por não ser uma crítica, mas uma constatação. Ainda bem que há modelos como o Lexus LC 500 que propõem opções diferentes, porque os clientes não são todos iguais e nem todos apreciam os coupés desportivos, puros e duros, que oferecem performances radicais.

Ficha técnica

	LC 500 h	LC 500
Motor	V6+eléctrico	V8
Cilindrada (cc)	3.456	4.969
Potência máxima (cv/rpm)	359	477
Binário máximo (Nm/rpm)	348	540
Velocidade máxima (km/h)	250	270
0 a 100 km/h (s)	5,0	4,7
Consumo médio (l/100 km)	6,0	11,5
Emissões de CO2 (g/km)	145	263
Preço desde (€)	120.000	157.000

+ TRADIÇÃO. A Lexus continua fiel à aposta nas motorizações híbridas, mas não consegue esquecer os motores tradicionais, onde se inclui o 5.0 V8 do LC 500.

- EMOÇÃO. Não é fácil apontar grandes defeitos aos Lexus LC 500, mas também não é fácil apontar algo que seja verdadeiramente entusiasmante, num universo onde a maioria dos concorrentes é mais radical.