Jaguar F-Type Rally: ao volante do roadster de 300 cv no meio da lama inglesa

Fomos a Inglaterra, perto de Coventry, a terra onde nasceu a Jaguar. Estivemos em Fen End, pista de testes que foi da Prodrive e por onde andou um certo Colin McRae nos tempos áureos da Subaru no "Mundial" de Ralis. Hoje pertence à SVO (Special Vehicles Operation) do Grupo Jaguar-Land Rover.

DESAFIO. O convite era irrecusável: guiar um dos dois Jaguar F-Type Rally produzidos para celebrar os 70 anos de veículos desportivos da marca de Coventry, uma saga que teve início com o XK 120 que fez história no (então) famoso Rali Alpino, para além de ter ganho o RAC em Inglaterra. 

AO VOLANTE. Tal como o XK 120, o F-Type Rally é um descapotável e, sentado ao volante, tive à minha frente um pequeno troço que, para além de estreito, estava coberto de lama. No arranque a resposta do motor 2.0 Turbo é rápida e agressiva. O bloco 2.0 de quatro cilindros, graças à sobrealimentação, garante 300 cv e 400 Nm de binário.

Acelerador a fundo e saltámos para a frente. Primeira, segunda e terceira velocidade, antes de uma travagem forte para uma chicane. Mal reduzimos para segunda, a traseira "pediu ultrapassagem" e foi necessária alguma "mão-de-obra" no volante para a controlar. Foi o primeiro aviso: a lama não permite uma condução agressiva e os pneus de Inverno não têm a aderência dos desenvolvidos para estas condições específicas.

O mau piso não afecta o comportamento. Este protótipo conta com molas Eibach e amortecedores Exe-TC, os mesmos que são utilizados no WRC. O F-Type Rally é preciso e eficaz. A travagem é tão potente que, quando se exagera, a traseira tenta ultrapassar-nos e lá volta a ser necessário segurá-la com o movimento do volante. A facilidade na inserção em curva é surpreendente, mesmo no meio da lama, e exige alguma atenção na aceleração à saída.

O diferencial traseiro mecânico herdado do F-Type V6 de 380 cv é brutal e quem quiser manter a frente na linha da estrada, à saída de uma curva, não pode abusar dele, porque a reacção é uma chicotada sempre violenta, nem sempre fácil de controlar.

A Jaguar só realizou dois modelos do F-Type Rally e não pensa fazer qualquer outro. Não pensa em participar em qualquer tipo de competição com estes protótipos, pensados como veículos de demonstração. Mas o roadster tem tudo o que faz falta a um veículo de competição. Desde os faróis suplementares, o roll-bar com homologação FIA, bacquets com cintos de segurança de seis pontos, corta circuitos e extintores, uma suspensão regulável em altura, para já não falar num travão de mão hidráulico, que permite realizar grandes piões.