O I-Pace é um passo importante para o futuro da Jaguar. É o primeiro veículo 100 por cento eléctrico da marca de Coventry, mas vai ser produzido na Áustria pela Magna-Steyer. Os ingleses escolheram o Algarve para apresentar ao mundo esta proposta e "AQUELA MÁQUINA" foi ver como é para lhe contar como foi...
DESIGN. A imagem do I-Pace é tão original como apelativa. É, muito possivelmente, um dos melhores trabalhos da equipa liderada por Ian Callum. Assume um estilo coupé e ao mesmo tempo reivindica o estatuto de SUV. Afirma um ar de família e cativa com a originalidade de uma carroçaria solidária com uma plataforma específica para as motorizações eléctricas.
Os 4,68 metros de comprimento e os 2,13 metros de largura remetem-no para uma volumetria próxima do SUV E-Pace, mas é mais baixo (1.565 mm). A grelha dianteira pode parecer exagerada para um carro eléctrico, mas "os eléctricos também necessitam de refrigeração para as baterias e a entrada de ar, com uma saída a meio do capot dianteiro, tem uma função aerodinâmica", como nos afirmou Ian Callum.
CHASSIS. A plataforma eléctrica da Jaguar permite integrar a bateria de iões de lítio com 432 células, para reduzir o centro de gravidade. A suspensão dianteira de triângulos duplos e multibraços na traseira visa garantir o conforto sem condicionar o dinamismo da condução. Em opção está disponível um sistema pneumático, capaz de reduzir a altura ao solo (15 mm) a velocidades superiores a 105 km/h.
A Jaguar anuncia que o carregamento das baterias de 0 a 80% pode ser efectuada em 40 minutos com um carregador rápido de corrente contínua com 100 kW, o qual pode garantir 100 km de autonomia em 15 minutos. Em casa, com um carregador de parede de corrente alterna com 7 kW, o mesmo estado de carga só é atingido ao fim de 10 horas.
HABITÁCULO. A ausência do motor de combustão "lá à frente" e o volume compacto dos motores eléctricos "permite uma nova forma de abordar o desenho do habitáculo", como nos reconheceu Ian Callum. "Foi necessário reformular a nossa forma de pensar, e percebemos que era fácil avançar com o posicionamento do habitáculo reduzindo a dimensão do capot anterior, que tem muito a ver com a imagem dos desportivos da Jaguar".
O capot anterior é pequeno e no interior há um pequeno espaço com 27 litros de volume para bagagem. No interior, sem condicionantes ditadas pela mecânica, foi possível potenciar a habitabilidade e criar um sem número de porta-objectos.
A posição de condução é mais baixa do que é habitual num SUV e nós gostamos disso. O desenho merece aplausos e os detalhes justificam tantos elogios como o espaço disponível para os ocupantes dos bancos traseiros. Depois, temos um porta-bagagens com 645 litros, que podem chegar até aos 1.453 litros com os bancos rebatidos. Este modelo responde às necessidades da família.
Os ecrãs digitais que surgem no painel de instrumentos e no ecrã central, dividido em dois níveis, fornecem todas as informações sobre o funcionamento do veículo e, ao mesmo tempo, permitem diversas configurações.
O sistema de infoentretenimento "Touch Pro Duo" está associado aos ecrãs tácteis, que também gerem as funções principais do veículo. É o caso da gestão do tipo de condução em relação ao tipo de estrada, reconhecido pelo sistema de navegação EV, e que, à chegada ao destino, pode dar indicações sobre locais de estacionamento e percursos a pé ou em transportes públicos.
Mas estes são apenas alguns pontos de um sistema com capacidade de aprender (inteligência virtual) e gerir as chamadas telefónicas para localizar contactos, alertas ao condutor ou regular a temperatura do habitáculo antes da partida, em associação com APP’s associadas ao telemóvel.
Mas o que mais nos impressionou foi o desempenho do I-Pace em estrada e até em pista, porque a Jaguar teve a coragem de nos convidar a levar esta proposta aos limites, no autódromo do Algarve. Pode ser um SUV, é confortável, mas não há qualquer rolamento da carroçaria em curva e a estabilidade direccional é brilhante e isso é tão ou mais surpreendente do que as acelerações que permitem passar de 0 a 100 km/h em 4,8 segundos.
O I-Pace é um grande rolador e não teme as estradas secundárias mais sinuosas, como as que encontramos na serra de Monchique, sobretudo com o "sistema dinâmico adaptativo" (opcional) pneumático, que potencia a polivalência.
Terra, água e muito pó estão longe de ser o habitat onde podemos imaginar um veículo eléctrico, mas o I-Pace também é capaz de responder a este tipo de exigência. É um SUV e não um todo-o-terreno. Mas, por mérito próprio, pode ser considerado como um grande todos-os-caminhos.
Experimentámos e ficámos convencidos. Subimos um corta-fogo com um sistema de assistência electrónico, que, depois de regulada a velocidade pretendida, apenas exigiu atenção com a direcção, o mesmo acontecendo com uma descida muito íngreme. A polivalência de utilização é mais um trunfo.
CONCLUSÃO. Não temos dúvidas em admitir que fomos conquistados pelo I-Pace. Reconhecemos que estamos longe de ser adeptos de automóveis 100 por cento eléctricos, mas modelos como este podem levar-nos a mudar de opinião...
PREÇOS
A oferta passa por três níveis de equipamento (S, SE, HSE), para além da "First Edition".
I-Pace S – desde 80.416 €
I-Pace SE – desde 88.548 €
I-Pace HSE – desde 94.749 €
I-Pace First Edition – desde 105.219 €
A Jaguar oferece uma garantia de oito anos para as baterias e um intervalo de manutenção de 34 mil quilómetros ou dois anos.