Mitsubishi Outlander PHEV: já guiámos o novo SUV híbrido

O Mitsubishi Outlander híbrido pode não ter o peso que merecia no mercado nacional, mas é um "bestseller" na Europa e talvez seja o SUV híbrido Plug-in mais vendido no mundo.

Mas como parar é morrer a marca japonesa decidiu modernizar esta proposta e, se a imagem tem uma evolução discreta, a estrutura e a mecânica deram um importante passo em frente numa proposta que chega ao mercado nacional no final do ano, com um preço alinhado com a geração actual, que tem opções de 47.000 a 51.500 euros.

DESIGN. Em termos de imagem houve algumas alterações na zona dianteira e as jantes têm um novo desenho, mas sem ter as duas gerações lado a lado é difícil dizer qual é o novo e qual o antigo.

HABITÁCULO. O pouco arrojo dos designers no exterior tem uma correspondência natural num interior onde também pouco se alterou, embora tenha havido um "upgrade" na qualidade dos materiais nas versões melhor equipadas. Mesmo assim a Mitsubishi deveria ter ido mais longe, porque há materiais que estão aquém do que surge em modelos da concorrência.

O ecrã táctil de sete polegadas é o mesmo. É compatível com os sistemas Apple CarPlay e Android Auto, permitindo "espelhar" o ecrã do smartphone, e o menu consegue mostrar como é distribuída a potência da motorização híbrida. O grafismo poderia ser mais apelativo e a funcionalidade mais intuitiva.

MOTORIZAÇÃO. O sistema híbrido foi muito evoluído, apesar de se ter mantido o conceito de dois motores eléctricos (um por eixo) e um de combustão interna. O motor eléctrico dianteiro (82 cv) é o mesmo, mas a potência do motor traseiro (95 cv) foi dilatada. O velho bloco 2.0 litros de combustão interna deu a vez a um novo 2.4 (ciclo Atkinson) com135 cv e 211 Nm de binário.

Está associado a um gerador com mais 10% de capacidade, e as baterias passaram a ter mais potencial (13,8 kWh) para responder às necessidades de um SUV com 1.880 kg de peso.

Os japoneses não querem falar de potência combinada, "porque nenhum dos elementos que formam a unidade motriz chega a trabalhar em pleno. Há sempre um sistema de gestão que assegura o melhor compromisso para o tipo de utilização e o mais importante é a eficácia e não as performances", afirmaram-nos.

CHASSIS. A Mitsubishi aumentou a rigidez estrutural da carroçaria para potenciar o comportamento dinâmico em estrada ou fora dela e, ao mesmo tempo, repensou a suspensão e a direcção para maximizar o conforto.

O resultado foi positivo e a direcção não é demasiado assistida, acabando por ser tão agradável numa condução em cidade como nos trajectos em estradas mais sinuosas. A suspensão absorve bem as irregularidades do terreno e não tem grandes vibrações que cheguem ao habitáculo. Mas são evidentes as concessões feitas à comodidade face ao comportamento dinâmico.

As capacidades da tracção total permanente com o sistema "super All Whell Control" (S-AWC) foram apuradas. O sistema é derivado do que surge no Lancer Evolution, indo ao encontro dos clientes que gostam de algumas aventuras fora de estrada.

Para esses há novos modos de condução "Sport" e "Snow", accionáveis em novos comandos que surgem na consola central. O "Sport" exige tudo dos motores para garantir a potência ao eixo anterior, maximizando as performances. O "Snow" é capaz de divergir a potência pelos dois eixos (de 0 a 100%) para aumentar a aderência. A tracção é gerida electronicamente, utilizando a travagem e o "binário vectorial" para garantir toda a tracção em condições de pouca aderência.

AO VOLANTE. No arranque, o Outlander PHEV é um veículo 100% eléctrico. Com as baterias carregadas, tudo começa no máximo silêncio. A marca reivindica 45 km/h sem recurso ao motor a combustão no "Modo VE" (velocidade limitada a 135 km/h), mas o condutor pode optar pelo "Modo SAVE" onde o sistema gere a utilização dos motores, resguardando a carga eléctrica ao mesmo que tempo que reduz o consumo de combustível.

Em caso de necessidade, o "Modo CHARGE" permite carregar as baterias em locais onde não estejam disponíveis carregadores, apesar de penalizar o consumo de gasolina. O carregamento numa tomada de corrente demora quatro horas, mas com um carregador rápido garante 80% em 25 minutos.

Falar em 54 km de autonomia 100% eléctrica talvez seja algo optimista, porque depende do estilo de condução. É certo que de início apenas acelerações fortes podem acordar o motor a gasolina, mas a recuperação de energia nas travagens e desacelerações é residual, apesar de poder ser gerida pelo condutor.

No contacto com o Outlander PHEV percebemos que é possível realizar médias na casa do 3,5-4,0 litros/100 km. Também é fácil chegar aos 7,0 litros/100 km, mas estes valores são honestos num SUV com esta volumetria e este peso.

Patilhas atrás do volante, semelhantes às do comando da caixa do Lancer Evolution, permitem escolher entre seis níveis: do zero (onde o sistema não actua) até ao cinco, onde tem a eficácia máxima, permitindo quase abdicar do travão numa condução em estrada onde basta tirar o pé do acelerador para reduzir imediatamente a velocidade.

Não há dúvida de que a alteração na suspensão melhorou o conforto e isso merece aplausos num SUV de carácter vincadamente familiar. Mas os chefes de família mais apressados vão notar algum adornamento da carroçaria que leva a alguma subviragem em estradas mais sinuosas, sobretudo no "Modo Sport", que faz uma grande diferença.

Como todos os eléctricos, este Outlander PHEV não tem caixa de velocidades e quem tiver o pé pesado e acelere com violência ouve rapidamente um silvo como um de uma turbina, que a insonorização do habitáculo não consegue esconder. Mas este é um SUV à medida da família e não um desportivo, e é o carácter familiar que garante todo o apelo a uma proposta que nos impressionou pela positiva…