No ano em que celebra o seu centenário, a Mazda continua a reinventar-se e acaba de lançar em Portugal o seu primeiro automóvel totalmente eléctrico. Nós já o conduzimos e contamos-lhe tudo o que precisa de saber sobre este modelo, que conta com apontamentos interiores em cortiça portuguesa. Mas já lá vamos...
A essência deste SUV eléctrico está directamente relacionada com o nome, que usa a sigla MX, quase sempre associada ao Mazda MX-5, o roadster mais vendido do mundo. Contudo, ela já foi utilizada em mais de uma dezena de automóveis da marca japonesa, uns de produção e outros meros protótipos, e traduz inovação e irreverência.
Foi assim em 1989, quando a marca do país do sol nascente apresentou o MX-5, e é assim agora, com o lançamento do MX-30, um SUV eléctrico de imagem arrojada e com um interior amigo do ambiente.
O exterior é simples mas impactante, e a assinatura luminosa é agressiva e a grelha dianteira musculada. De perfil, destacam-se as portas Freestyle, inspiradas no icónico Mazda RX-8, e a enorme superfície de vidro sem qualquer pilar fixo ao centro. Estes detalhes sugerem uma sensação de amplitude no interior e foi precisamente esse o ponto de partida da Mazda.
O conceito "Pure Empty Space" está na base do habitáculo do MX-30 e isso é visível, sobretudo, com as portas abertas, criando um espaço amplo, e com um banco traseiro corrido, tal como um sofá. Tudo isto é acentuado pelo tejadilho panorâmico, que aumnta ainda mais a sensação de espaço.
Mas porque estamos perante um eléctrico, a Mazda quis ir mais além e criou um habitáculo amigo do ambiente. Os painéis das portas, por exemplo, utilizam fibras obtidas a partir de garrafas de plástico recicladas, ao passo que o revestimento dos bancos, apesar de parecer em couro genuíno, é uma alternativa não animal.
Pela primeira vez um Mazda conta com um painel digital para os comandos do ar condicionado, através de um ecrã táctil de 7 polegadas montado na consola central inferior. No ecrã superior, que serve de terminal para os sistemas de navegação e multimédia, contamos de série com os sistemas Apple CarPlay e Android Auto.
Dos materiais à funcionalidade, passando pelo espaço disponível, tudo foi pensado para que o habitáculo do MX-30 traduza tranquilidade. E não foram precisos muitos quilómetros para o sentirmos.
O MX-30 introduz na Mazda uma nova tecnologia de propulsão eléctrica denominada e-Skyactiv, que assenta num motor eléctrico com uma potência máxima de 145 cv e um binário máximo de 270 Nm, enviados em exclusivo às rodas traseiras.
Capaz de acelerar dos 0 aos 100 km/h em 9,7 segundos, o MX-30 oferece uma autonomia de 200 quilómetros (265 km em cidade), fruto de uma bateria de iões de lítio de 35,5 kWh.
O sistema e-Skyactiv pode ser carregado com recurso a potência AC até aos 6,6 kW, ou em modo de carregamento rápido em modo DC. O modelo suporta 125 A de carga DC quer com o CHAdeMO ou o COMBO de série. As baterias do MX-30 podem ser carregadas de 20% a 80% em 3 horas, com potência AC, ou em 36 minutos em potência DC. Numa tomada caseira são necessárias 8 horas para carregar a totalidade da capacidade da bateria.
O maior elogio que posso fazer a este eléctrico é que olho para ele como um automóvel a que mesmo os "petrolheads" eram capazes de se habituar rapidamente. É muito interessante de conduzir, graças ao baixo peso (quando comparado com alguns rivais), fixado pouco acima dos 1.600 quilos, e à afinação da suspensão.
A direcção é muito precisa e tem o peso correcto, tal como o pedal do travão, que faz com que a travagem seja sempre muito natural. Quanto à suspensão, não se deixa afectar pelo peso das baterias e oferece-nos sensações muito positivas. Mesmo em curva, a velocidades mais elevadas, quase não sentimos rolamento da carroçaria ou as transições de massas.
Não espere um velocista, no mercado há concorrentes bem mais rápidos a acelerar. Mas este MX-30 compensa pelo conforto e, acima de tudo, pela dinâmica muito apurada, tal como a Mazda já nos habituou.
Pesadas todas estas questões, a Mazda optou por uma bateria de apenas 35.5 kWh que afirma ser mais do que suficiente para a maioria dos clientes europeus, que conduz, em média 48 quilómetros diários. Assim, em teoria, os 200 quilómetros de autonomia chegariam para quatro dias semanais.
Equipado com os sistemas de segurança e auxílio à condução mais recentes da Mazda, este MX-30 conta com um sistema de travagem de emergência capaz de detectar trânsito na perpendicular, um sistema de detector do ângulo morto capaz de intervir na direcção e um sistema de auxílio à permanência em faixa que consegue manter o carro alinhado na faixa mesmo em estradas onde a marcação não está visível.
Apesar da condução muito divertida e dos níveis de conforto assinaláveis, o maior trunfo deste Mazda MX-30 é a imagem. A marca japonesa soube manter a identidade que caracteriza os restantes elementos da gama, mas ainda assim surgir com uma proposta diferenciada e que vira cabeças no trânsito.
É, sem dúvida, um automóvel a considerar para quem procura um eléctrico, até porque a Mazda conseguiu preços muito interessantes para o nosso mercado, sobretudo para empresas.
Disponível nas versões Excellence e First Edition, o Mazda MX-30 tem preços a começar nos 34.540 euros. Contudo, a Mazda Portugal está a oferecer o equivalente ao apoio ambiental de 3 mil euros (para empresas e particulares) e um voucher de valor equivalente às prestações de 2020, até um valor máximo de mil euros.
Contas feitas, e com campanha de financiamento da marca, o novo Mazda MX-30 está disponível desde 29.790 euros. Para clientes empresa, e com as vantagens fiscais inerentes, este valor desce para perto dos 23 mil euros.
Miguel Dias