Desde o seu lançamento, em 1990, o Clio afirmou-se como o automóvel mais vendido da Renault a nível mundial e entre 2012 e 2018 as vendas cresceram todos os anos, o que mostra que o Clio há muito deixou de ser uma "moda" e que tem que ser visto como um dos automóveis mais importantes das últimas décadas.
Líder do segmento B na Europa e o automóvel preferido dos portugueses há seis anos consecutivos, o Clio soma já 15 milhões de unidades vendidas e entrou agora na sua quinta geração.
A Renault não quer abdicar do estatuto de "líder" e, por isso, evoluiu este Clio a todos os níveis. Mas será que foi suficiente para responder às propostas mais recentes dos rivais? É isso que lhe vamos dizer…
À primeira vista até pode achar este Clio semelhante com o modelo da geração anterior, mas acredite em nós quando lhe dizemos que é muito diferente. É certo que a Renault preferiu seguir a via da evolução e evitar o caminho da revolução, mas a marca francesa garante que nenhum painel exterior é igual e nós acreditamos.
A imagem do Clio está agora mais próxima da do irmão mais velho, o Mégane, e isso é um enorme elogio. Essas semelhanças ficam visíveis ao nível das ópticas, com o Clio a adoptar o formato "C" que encontramos no Mégane. O terceiro farol de stop, na traseira, também está mais fino e mais largo.
A traseira é ainda marcada pelos novos deflectores de ar junto às cavas das rodas dianteiras, uma estreia neste modelo, e o perfil desportivo. Para isso muito contribui o facto dos puxadores das portas continuarem a estar "escondidos" no pilar traseiro, fazendo com que a versão de 5 portas do Clio pareça, na verdade, um coupé de 3 portas.
Lembra-se quando lhe dissemos que a Renault preferiu evoluir a imagem exterior a operar uma revolução completa? Pois bem, isso não se aplica definitivamente ao habitáculo, e ainda bem. Há muito que o interior do Clio merecia uma revolução profunda e agora, na quinta geração, a Renault decidiu fazê-la.
O resultado é um interior que evoluiu a todos os níveis, desde o conforto à utilidade, passando pela oferta tecnológica. Para isso muito contribuiu o novo desenho do tablier, da consola central, dos ecrãs de informação, do volante e dos bancos.
Também notória é a evolução da escolha dos materiais, com os plásticos duros a darem lugar a um leque de materiais mais agradáveis ao toque. As mudanças são assinaláveis e neste aspecto a Renault merece aplausos, mesmo que alguns ruídos parasitas se mantenham.
A apontar um ponto negativo terá que ser a habitabilidade. Já o achávamos na geração anterior e agora, neste novo modelo, não mudámos de opinião. Porém, e sobretudo no papel, este Clio anuncia quotas superiores ao modelo que substitui.
No banco traseiro não existe muito espaço ao nível dos ombros e isso deve-se ao desenho exterior. Quanto ao espaço para os joelhos, tudo depende da posição dos bancos da frente. A bagageira, por sua vez, cresceu 5 litros e apresenta uma capacidade de 391 litros.
O painel de instrumentos é digital e pode ser configurado ao gosto de cada um. Contudo, é o ecrã central, que nas versões base tem 7 polegadas e nas versões mais equipadas 9,3 polegadas, que rouba todas as atenções. A Renault colocou-o numa posição mais elevada e essa decisão não só teve reflexos na estética como ainda promete um grande impacto ao nível da segurança, já que não precisamos de desviar tanto o olhar da estrada para o operar.
O leque de sistemas de auxílio à condução também merece um elogio e coloca o Clio no topo da sua classe. Falamos, nomeadamente, dos sistemas de permanência em faixa de rodagem e do cruise-control activo com pára-arranca autónomo. Falta apenas acrescentar o detector de ângulo morto e o auxiliar ao estacionamento que faz quase tudo por nós.
Os bancos do Clio são herdados do Mégane e garantem uma posição de condução mais confortável e oferecem um maior suporte lateral. A pega do volante oferece sensações muito desportivas e o manípulo das mudanças, agora mais próximo do volante, contribui para uma melhor posição de condução.
A Renault promete uma aceleração dos 0 aos 100 km/h em 9 segundos e reclama uma velocidade máxima de 200 km/h. Não são números excitantes, longe disso, mas este Clio parece muito mais rápido em estrada do que estes registos mostram.
A marca gaulesa reivindica consumos médios de 5,7 litros por cada 100 quilómetros percorridos e podemos garantir-lhe que com uma condução muito calma e a registos mais baixos, é possível até descer dos 5 l/100 km. Porém, o bloco a gasolina deste Clio apela ao pé direito e a registos mais altos é muito fácil chegar aos 7 l/100 km.
As qualidades dinâmicas que sempre marcaram o Clio não só se mantiveram para esta nova geração como ainda saíram reforçadas. A direcção é muito precisa e directa e o eixo dianteiro agarra-se à estrada com todas as forças. Isso faz com que este Clio seja muito divertido de conduzir, mesmo sem nunca termos de nos aproximar do limite.
É difícil não recomendar o automóvel preferido dos portugueses há seis anos consecutivos, mas a verdade é que este Clio está muito mais maduro, mais divertido de conduzir e conta com um habitáculo totalmente redesenhado. São armas mais do que suficientes para que o "best-seller" da marca francesa continue a bater o pé aos rivais mais directos, até porque em breve também será electrificado.