Renault Mégane R.S. Trophy: um brinquedo para adultos

O Renault Mégane R.S. Trophy é o Mégane mais potente de sempre e isso é um cartão de visita de peso para um modelo que recentemente se firmou como o ‘rei’ dos Nürburgring para os modelos de tracção dianteira, ainda que na versão mais radical Trophy-R.

Esta versão que conduzimos tem por base o Mégane R.S. convencional mas viu aprimoradas as credenciais desportivas. Isso é notório ao nível da imagem e ao nível da dinâmica.

A carroçaria mais larga e mais musculada saltam à vista, e para isso também muito contribuem as jantes de 19 polegadas montadas num conjunto de pneus Bridgestone Potenza S001 que foram especialmente desenhados para este modelo.

O sistema de escape, bem ao centro, também merece destaque. Conta com duas saídas, sendo que uma delas é controlada por uma válvula mecânica que quando está fechada obriga a que os gases percorram um percurso mais longo. Por outro lado, quando está aberta, os gases são libertados para o exterior com maior velocidade, aumentando a potência e criando uma "banda sonora" mais rouca e alta.

O Mégane R.S. é um desportivo para quem gosta de desfrutar do prazer da condução e isso também chega ao habitáculo. O centro das atenções é o condutor e isso nota-se no volante com recorte desportivo e nos bancos Recaro inspirados no mundo da competição.

O habitáculo é simples, prático e muito bem arrumado, e num automóvel com um carácter desportivo tão bem vincado, não podíamos pedir mais nada. Ainda assim, o espaço para os ocupantes dos bancos traseiros é muito satisfatório, bem como a capacidade da bagageira, fixada nos 384 litros. Com os bancos rebatidos este valor cresce até aos 1.247 litros.

Mecânica de excelência

O Mégane R.S. Trophy conta com o chassis Cup de série (opcional no Mégane R.S. normal), que merece rasgados elogios, e tem uma suspensão mais firme e um diferencial autoblocante dianteiro do tipo Torsen.

O peso total do conjunto é de apenas 1419 quilos e isso traduz-se num automóvel muito ágil e com uma resposta assinalável. Para isso muito conta o eixo traseiro direccional (4Control), que aumenta a agilidade e melhora as reacções. Esta solução permite entrar em curva a velocidades mais elevadas e isso dá muita confiança a quem quer tirar o máximo proveito deste "hot hatch".

Mas a ‘estrela da companhia’ é o motor 1.8 turbo de injecção directa que produz 300 cv de potência e 400 Nm de binário máximo. É o mesmo motor que encontramos montado na traseira do Alpine A110, mas aqui conta com uma afinação diferente.

O modelo que conduzimos estava equipado com uma caixa manual de seis velocidades que permite uma aceleração dos 0 aos 100 km/h em 5,7 segundos e uma velocidade máxima de 260 km/h. Porém, há uma variante equipada com uma caixa automática de dupla embraiagem com seis velocidades.

Este modelo conta com cinco modos de condução distintos (Eco, Confort, Neutro, Sport e Race) que podem ser seleccionados através do ecrã táctil de 8,7 polegadas. Com base no modo escolhido, o sistema 4Control sofre alterações, bem como a sensibilidade do acelerador, a resposta do motor, a rapidez da caixa de velocidades e a sensibilidade da direcção, isto já para não falar do tom que sai do escape.

A Renault reivindica um consumo combinado de 8,2 litros por cada 100 quilómetros percorridos, mas o melhor que conseguimos foi 8,4. Ainda assim, é um número aceitável para um automóvel capaz de fazer o que este Mégane R.S. faz.

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É mesmo um "hot hatch" de referência?

O passado deste modelo é mais do que suficiente para responder a esta pergunta, ou não tivesse sido sempre, a dada altura, o mais rápidos dos modelos (de produção) de tracção dianteira no mítico Nurburgring. Mas se dúvidas houvessem, o Mégane R.S. é um desportivo perfeito para quem procura uma solução para o dia-a-dia.

Está longe de ser o automóvel mais prático do mundo, mas isso não é surpresa para ninguém. Se o fosse perdia todo o encanto e deixava de ser o automóvel fantástico e divertido que é. Mas chega e sobra para as exigências diárias e no modo "Confort" ou "Neutro" consegue ser dócil o suficiente para que seja possível andar a um ritmo normal… em estradas normais.

Mas a diferença está no momento em que decidimos "puxar por ele" e andar mais rápido. Aí este Mégane R.S. Trophy ganha uma nova vida e percebemos que é para isso que foi construído. A aceleração é impressionante, a agilidade soberba e a forma como o chassis lida com toda esta potência é uma maravilha de se assistir (e sentir!).

É muito fácil entrar em curva a uma velocidade mais alta e deixar que a mecânica (e a electrónica) façam o seu trabalho. Desligar o controlo de tracção obriga a mais trabalho, mas aumenta a diversão. Porém, em qualquer dos casos, o Mégane R.S. Trophy faz de nós melhores condutores do que na verdade somos.

Vale a pena investir cerca de 50 mil euros num "hot hatch"?

O Mégane R.S. Trophy está disponível no nosso país por um preço que começa nos 48.300 euros, mas a versão que testámos estava equipada com alguns opcionais que elevam o preço para os 54.100 euros. A versão equipada com a caixa EDC de seis velocidades começa nos 51.250 euros.

Mas a questão aqui é só uma: vale a pena investir cerca de 50 mil euros num "hot hatch"? A resposta é simples: sim, desde que o conduza regularmente!

Ficha Técnica

Motor: 1.8 litros de 4 cilindros
Cilindrada: 1798 cc
Potência Máxima: 300 cv
Binário Máximo: 400 Nm
Velocidade Máxima: 260 km/h
0-100 km/h: 5,7 s
Consumo Médio: 8,2 l/100 km
Emissões CO2: 183 gr/km

Preço desde: 48.300 euros

+ Dinâmica: o comportamento em estrada merece todos os nossos aplausos

- Posição: gostava que o volante estivesse numa posição ligeiramente mais baixa