VW Golf GTI: Guiámos o ícone alemão e contamos-lhe como foi...

O VW Golf GTI é um desportivo que tem perdurado no tempo. Espantou meio mundo em 1976 com a sua proposta inovadora e desde essa altura tem-se renovado e continua a ser uma  referência no subsegmento dos desportivos compactos, que não existia antes dele... 

DESIGN. O novo VW Golf GTI nasceu com base no Golf VII e a sua imagem é marcada pelo equilíbrio das proporções de uma carroçaria que tem mantido sua identidade. Esta proposta recorda um pouco a imagem do Golf IV, talvez o mais elegante de sempre, se deixarmos de lado o modelo original da segunda metade dos anos 70.

Este GTI volta a mostrar que não é necessário radicalizar a forma para afirmar o carácter desportivo. Alguns elementos estéticos são tão simples como evidentes: um mero toque de vermelho nos grupos ópticos e na grelha dianteira fazem a diferença.

As pinças de travão pintadas de vermelho, a asa traseira pronunciada (sem exageros) sobre a porta da bagageira e os pára-choques específicos, com duas volumosas tomadas de ar à frente e imponentes saídas de escape na traseira, são suficientes para sublinhar a imagem desportiva que faz parte da tradição dos GTI.

A este nível, a VW não seguiu as políticas de personalização assumidas nos últimos tempos por muitos concorrentes. A concessão mais extrema da marca de Wolfsburg passa pelas jantes específicas de 19 polegadas (sempre com pneus 225) em alternativa aos de 18 polegadas de série.

De resto, o cliente só pode optar pela paleta de cores, que vai desde o "Madrepérola" (que assusta com um preço de 941 €) até às pinturas nacaradas por valores mais razoáveis como os 493 € (Azul Atlantic, Azul Dark Iron, Cinza Indium, Prata Tungsten, Prata White e Preto Deep). Quem não quiser gastar dinheiro com a tinta, pode optar pelo Branco Pure, Preto Ruby e o Vermelho Tornado, e só paga 153 €.

Como não poderia deixar de ser, há opções de três e cinco portas, mas 1.800 € de diferença por mais duas portas parece algo exagerado...

HABITÁCULO. No interior, a única grande alteração face aos restantes Golf VII passa pela própria imagem do GTI, que conserva os bancos com um tecido de padrão quadriculado ao mais puro estilo escocês, embora exista uma opção em couro para quem exige mais requinte.

Os Golf GTI sempre foram assim, e ainda bem que continuam assim. Respeitamos e gostamos das tradições, tal como continuamos a aplaudir uma posição de condução que, graças a todas as suas regulações, é quase perfeita.

Apreciamos a modernidade das propostas tecnológicas e os sistemas digitais, que passam pelo ecrã central onde o "touch screen" tem uma função de proximidade, mas também do painel de instrumentos digital que pode ser configurado de acordo com o tipo de informações que o condutor pretende ver.

O Golf GTI, como qualquer dos Golf VII, tem grandes vantagens face aos seus concorrentes directos, mas quando olhamos para a habitabilidade posterior ficamos aquém do esperado. O espaço para os ocupantes dos bancos traseiros é apenas honesto e o volume da bagageira não impressiona.

MOTOR. O bloco 2.0 TSI é a alma deste desportivo. Foi alterado ao nível aos colectores de admissão e de escape. Os 245 cv de potência, aliados a 1.387 kg de peso do GTI, garantem uma excelente relação peso/potência.

Este GTI é mais leve do que o seu antecessor e a evolução dos sistemas de gestão electrónica permitiram potenciar as performances de um modelo que, segundo a VW, pode passar de 0 a 100 km/h em 6,2s e atingir os 250 km/h.

Este motor pode ter acoplada uma caixa manual de seis velocidades ou a (indispensável) caixa automática DSG de sete velocidades que pode custar mais de 1.700 euros, mas que vale tudo o que custa...

AO VOLANTE. O Golf GTI continua a afirmar-se pelo seu dinamismo e tudo foi pensado para maximizar o prazer da condução. A altura ao solo foi reduzida em 15 mm para potenciar o comportamento em curva, e a suspensão, não sendo dura nem seca, garante toda a confiança a quem quiser andar mais depressa. Este é um daqueles automóveis onde o limite está geralmente mais no lado do condutor do que no potencial da máquina.

Na versão anterior, o "pico" da potência surgia às 5.300 rpm, mas agora está disponível às 4.700 rpm e mantém-se constante até às 6.200 rpm. Reduz as arritmias e garante uma margem de utilização mais ampla para quem quer andar verdadeiramente depressa. O binário máximo está disponível às 1.600 rpm, um valor que é muito semelhante ao dos motores diesel, e vai por ali acima até às 4.300 rpm, sem perdas.

A direcção é progressiva e tão directa quanto baste. Garante toda a sensibilidade que o condutor pode exigir quando adopta ritmos mais elevados sem exigir muito musculo. A este nível, a caixa automática DSG, utilizada com as patilhas sobre o volante, permite assumir ritmos de condução para além do normal. Engrenar velocidades acima, sem aliviar o pé do acelerador, é muito mais rápido do que com a caixa manual e o mesmo aconte com as reduções. É por isso que a consideramos indispensável…

Em percursos sinuosos, com constantes alterações no eixo de apoio. Ficámos convencidos com o desempenho do eixo traseiro previsível e sobretudo com o dianteiro, que mantém as rodas no chão em acelerações violentas à saída das curvas, mesmo sem o sistema adaptativo da suspensão (opcional), o que garante a aderência que dá confiança ao condutor.

Para isso também é importante o "diferencial autoblocante". Colocar 245 cv no chão numa condução dinâmica e zonas sinuosas, não é fácil. Por isso a VW adoptou o sistema XDS que simula o efeito de um diferencial autoblocante clássico, uma solução que evoluiu para o XDS+, que surge neste GTI. O funcionamento está associado ao controlo de estabilidade ESP, actuando ao nível das pinças dos travões para controlar qualquer roda que perca aderência.

É por isto, ou talvez também por tudo isto, que ao fim de gerações o VW Golf GTI continua a ser uma referência.

FICHA TÉCNICA

Motor: 2.0 TDI

Cilindrada: 1.984 cc

Potência máxima: 245/4.700-6.200

Binário máximo: 370 Nm/1.600-4.300

Velocidade máxima: 250 km/h

0 a 100 km/h: 6,2s

Consumo médio: 6,5 litros/100 km

Emissões CO2: 148 g/km

Preço desde: 48.318 € (versão de 3 portas)

+ TRADIÇÃO. É interessante ver que, apesar dos caminhos da modernidade, ainda há tradições que são o que eram. É esse o segredo do VW Golf GTI, uma tradição de ontem, que continua a ser uma proposta aliciante para amanhã...

- ESPAÇO. O último dos GTI nasceu com base no Golf VII e, se isso tem muito de positivo, também tem uma carga menos agradável: o espaço no habitáculo, especialmente na traseira, é meramente honesto. Há concorrentes que oferecem mais.