Em teoria, os automóveis com motores alimentados a hidrogénio são muito interessantes e o combustível é, à partida, mais limpo, porque a sua única emissão é água. Mas há demasiadas condicionantes a uma via já enunciada com propostas como o Toyota Mirai, Honda Clarity ou até o mais recente Hyundai Nexo...
2 – ECOLOGIA EM QUESTÃO. Muitos técnicos consideram que nem todo o hidrogénio disponível é tão "limpo" como deveria ser. Este elemento é o mais comum no meio ambiente, o que equivale a dizer que é inesgotável. Mas como não existe na sua forma simples, estando associado ao oxigénio na composição da água (H2O), necessita de ser individualizado.
Este processo é feito com recurso a soluções que passam maioritariamente pela utilização de combustíveis fósseis (95%) e isso liberta uma grande quantidade de gases com "efeito de estufa", os mesmos que se procuram reduzir com esta opção...
A obtenção de um quilograma de hidrogénio produz 10 kg de CO2. Feitas as contas, temos que um Hyundai Nexo consome 1kg de hidrogénio aos 100 km e emite o equivalente a 100g/kg de CO2, um valor que está longe de impressionar face aos resultados de motores alimentados por combustíveis fósseis. Mas há outros caminhos...
3 – "LIMPO" É MAIS CARO. É certo que se pode obter hidrogénio a partir da electrólise da água, uma solução "limpa". Neste caso é exigido um litro de água e 5 kWh de electricidade para produzir 1.000 litros de hidrogénio sob a forma de gás à pressão atmosférica.
Depois é necessário comprimir esse gás a 700 bars para uma utilização no automóvel. Para converter este hidrogénio em electricidade, graças à "pilha de energia", que no Hyundai NEXO tem um rendimento de 60%, apenas ficamos com 1,53 kWh dos 5kWh da electricidade gasta inicialmente.
O aproveitamento das energias renováveis pode reduzir o custo da produção do hidrogénio "limpo", para ajudar a reduzir custos. Mas ainda vivemos no presente e estas propostas apontam o futuro.
4 – RENDIMENTO. O rendimento é 2,5 inferior ao que conseguimos obter com as baterias eléctricas, mas essa situação pode evoluir e é expectável que novas soluções possam permitir utilizar 2 kWh de energia face aos 5 kWh exigidos na produção, e isso poderá ser mais interessante, desde que o preço da energia eléctrica seja muito baixo.
Não é fácil transportar um gás de pequena densidade (0,09 kg/m3). Para garantir o equivalente de um camião cisterna tradicional, são necessários 22 camiões com hidrogénio a 200 bar (o habitual) ou três camiões do hidrogénio líquido (3,5 toneladas).
O volume de camiões necessários para fazer a distribuição obrigaria a investimentos impensáveis, que também seriam necessários em todos os postos de abastecimento. Segundo alguns cálculos, só a este nível, o custo da distribuição iria triplicar...
Para além disso, o custo da criação de postos de abastecimento de hidrogénio é muito mais elevado do que a montagem de postos de abastecimento eléctrico rápido, que também não são baratos.
CONCLUSÃO. O hidrogénio é uma solução credível, mas a sua chegada ao mundo automóvel ainda é uma utopia. A sua produção "limpa" é muito cara. Há dificuldades de armazenamento e transporte e ainda exige muita electricidade (de 50 a 75%) para ser produzido.