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A estratégia da Volkswagen para a próxima década

18:02 - 23-11-2016
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A estratégia da Volkswagen para a próxima década
Ainda a braços com o gigantesco problema do "Dieselgate", a Volkswagen percebeu que a única solução para continuar o seu caminho de crescimento era olhar em frente e, enquanto resolvia os problemas do presente, estabelecer uma estratégia concreta de futuro. Foi o que fez, num plano a dez anos, a que chamou "Transform 2025+" e que pretende ser a "táctica" da marca alemã para a próxima década.

Apesar dos enormes problemas que enfrenta, o Grupo VW "arrisca-se" a terminar este ano como o maior construtor mundial, passando a General Motors e a Toyota. Não é ainda certo que o consiga, mas os números de vendas no final do terceiro trimestre deixavam antever essa possibilidade, o que significaria atingir em 2016 um objectivo que estava fixado apenas para 2018! Não deixa de ser notável, em especial num período de águas tão turbulentas…

A estratégia "Transform 2025+" aplica-se apenas à marca VW (e não à totalidade do Grupo) e prevê reforçar a liderança nos mercados europeus e chinês, lançar uma forte ofensiva na mobilidade eléctrica e liderar as tecnologias de conectividade. Que a levará a alterar o seu modelo de negócio, de forma a conseguir um aumento das margens de lucro na ordem dos 6% até 2025! Mas que também obrigará a investimento na casa dos 4,5 mil milhões de euros…

Numa primeira fase, a VW pretende alargar a sua gama de forma a torná-la mais global. Daí a ofensiva no campo dos SUV, não só com o próximo lançamento de um modelo mais pequeno (que será fabricado na Autoeuropa, em Palmela), mas também com veículos próprios para mercados considerados cruciais para o crescimento global, como o recente Atlas (galeria abaixo) destinado ao mercado norte-americano.

Volkswagen Atlas


A cuidada renovação da sua gama mais bem-sucedida é outra das frentes imediatas, como vai suceder com a actualização do "best-seller" Golf que foi muito mais além que um simples "restyling".

Mas a estratégia não tem só boas notícias, pois há poupanças a fazer que passarão pela redução de 30 mil postos de trabalho (a fábrica de Palmela não deverá ser afectada), grande parte dos quais na Alemanha. Também serão eliminados alguns modelos com pouco sucesso comercial e cujos volumes de vendas não justificam a sua continuação. A marca não especificou que modelos serão esses, mas adiantou que essa pedida permitirá uma poupança de 2,5 mil milhões de euros que serão investidos na ofensiva da mobilidade eléctrica.

Próximo e-Golf "chega" com 300 km de autonomia


E este é outro dos pilares da estratégia "Transform 2025+". A marca já está a trabalhar nos automóveis eléctricos e ainda no salão de Los Angeles apresentou a nova geração do e-Golf (galeria acima), com 300 km de autonomia. E, até 2020, lançará diversos modelos electrificados ou híbridos "plug-in". Mas prepara toda uma oferta de veículos pensados desde a sua base para funcionarem a electricidade, como antecipou o "concept" I.D. apresentado no salão de Paris.

VW "concept" I.D. foi apresentado no salão de Paris


"A partir de 2020 lançaremos a nossa grande ofensiva na mobilidade eléctrica. Enquanto fabricante de grandes volumes, queremos desempenhar um papel decisivo na implantação do automóvel eléctrico", afirmou Herbert Diess, presidente executivo da VW. "Não queremos jogar para nichos mas para o coração do mercado automóvel. Em 2025 já queremos vender um milhão de automóveis eléctricos por ano e ser líderes mundiais na mobilidade eléctrica. Os nossos automóveis eléctricos serão a imagem da Volkswagen".

A Volkswagen admite mesmo construir a sua própria fábrica de baterias, de forma a que o Grupo fique independente nesse campo, antecipando uma grande produção de veículos eléctricos já na próxima década.

Por fim, a VW pretende também liderar a nível da conectividade dos automóveis, anunciando o desenvolvimento da sua própria plataforma digital. E anuncia mesmo o objectivo de ter, em 2025, 80 milhões de utilizadores dessa plataforma, com novos serviços e ferramentas. Que também será uma nova forma de ganhar dinheiro, já que muitos desses serviços serão vendidos aos utilizadores, podendo render até mil milhões de euros em 2025!

Porque a rentabilidade da marca é, no fundo, a parte crucial que está por trás deste plano "Transform 2025+", apesar dos bonitos anúncios de intenções… Porque, no final, o que a marca pretende é cortar os custos de produção e aumentar a entrada de dinheiro, seja pela venda de mais carros ou até de aplicações para a tal plataforma digital!
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