Até aqui, embora ao ouvirmos o nome McLaren significasse sempre o mesmo, fosse nas pistas da Fórmula 1 ou nos novos modelos superdesportivos, a verdade é que se tratava de duas empresas independentes. Mas com a notícia de que Ron Dennis vendera as partes que ainda detinha nas duas organizações da McLaren surgiu também o anúncio de uma restruturação de ambas as empresas que passarão a funcionar sob um único "chapéu", o do McLaren Group.
Do outro está o McLaren Technology Group que alberga diversas empresas, entre as quais a McLaren Racing (a equipa de F1) ou a McLaren Applied Technologies (consultoria em engenharia e que irá, por exemplo, fornecer as novas baterias que permitirão aos Fórmula E fazer toda a corrida com um único carro, a partir da época 2018/19), entre outras. Nesta restruturação agora anunciada, McLaren Automotive e McLaren Technology Group passam a conviver dentro de uma "holding" designada apenas McLaren Group.
Como se chegou até aqui, terminando assim, pela porta pequena, a carreira de alguém que dedicou os últimos 37 anos da sua vida a erguer um verdadeiro império como é a McLaren? Tudo terá começado numa feroz zanga por motivos pessoais, algures entre 2013 ou 2014, entre Dennis e Ojjeh. Depois, Ron Dennis procurou investidores (nomeadamente chineses) que lhe permitissem reunir os meios para comprar os 75% da McLaren nas mão de Ojjeh (25%) e da "holding" do Bahrain (50%). Não tendo conseguido, seguiu-se… o contra-ataque, com o seu afastamento da liderança da companhia, há cerca de seis meses.
Ron Dennis pegou na McLaren em 1980 quando a equipa, apesar de ter dois títulos mundiais no currículo, estava num rápido e perigoso declínio financeiro. Integrou os activos no seu Project Four e criou a chamada McLaren International, na altura uma equipa com 100 pessoas e avaliada em 3 milhões de libras. Passados 37 anos, com a conquista de 10 títulos de pilotos (com Lauda, Prost, Senna, Hakkinen e Hamilton) e 7 de construtores, Dennis transformou a McLaren num império tecnológico em que trabalham 3400 pessoas e está avaliado em 2,4 mil milhões de libras.
Personagem pouco simpático e por vezes controverso, perfeccionista compulsivo, levou uma nova forma de trabalhar para a F1, elevando em muito a fasquia do profissionalismo na competição. Agora sai definitivamente dos registos da McLaren. Mas nunca da sua história!