Na autêntica corrida ao "armamento", no que à tecnologia diz respeito, em que a indústria automóvel vive actualmente, com uma luta frenética para ver quem oferece o carro mais avançado a nível de ligação com o mundo exterior e antecipando já a futura geração dos carros autónomos que terão de comunicar uns com os outros… um balde de água fria! A ACEA, "apenas" a associação europeia que reúne os grandes construtores, aconselha a que todos se acalmem um pouco e olhem seriamente para o problema da segurança cibernética antes de abrirem as "comportas" da conectividade!
"Temos, de um lado, os fornecedores de serviços que procuram aceder aos dados, do outro os clientes que querem usufruir desses serviços mas podem, ao mesmo tempo, preocupar-se com a protecção das informações que lhe dizem respeito e, por fim, os construtores que devem assegurar-se de que a troca de dados não pode impedir que os veículos se mantenham totalmente seguros. E este último elemento é fundamental!", referiu Greven.
É aqui que introduz um problema já muito debatido mas sempre sem resposta: a fragilidade de todo o sistema face a um ataque informático e o chamariz que pode ser uma gigantesca frota de carros conectados para um "hacker" mal intencionado… "Os que comparam um automóvel a um ‘smartphone’ sobre rodas ou a um computador, esquecem-se que as necessidades em termos de segurança nada têm a ver. Imaginem que, amanhã, numa auto-estrada o vosso carro dá um código de erro e diz ‘é preciso reiniciar o motor’. Não é apenas uma coisa aborrecida, pode custar-vos a vida!".
O responsável jurídico da ACEA aborda ainda mais um lado do problema que se pode tornar uma verdadeira dor de cabeça e de resolução… quase impossível: a constante evolução da informática que torna impossível arranjar um sistema que seja seguro durante toda a vida útil do automóvel! "Entre a chegada de um modelo ao mercado e o dia em que o último exemplar desse modelo sai de circulação passa um período médio em torno dos 25 anos. Quer isto dizer que os equipamentos de segurança informática instalados no início da vida desse carro deverão continuar válidos 25 anos depois para continuarem a resistir a ataque exteriores. É óbvio que é extremamente difícil conseguir algo assim e é por isso que penso que o acesso aos dados em tempo real cria um risco muito grande que não deveríamos querer correr".
Muitos dirão que é uma visão pessimista e que já ninguém conseguirá parar a evolução da conectividade crescente nos automóveis. O alerta de Greven é, antes pelo contrário, muito realista e sustentado em episódios passados de pirataria informática quando os carros eram muito menos conectados. Que sirva, pelo menos, para que as medidas de segurança sejam reforçadas ao máximo!