Nos primeiros tempos da SEAT, após o 1400, os escassos conhecedores de automóveis da época compreenderam perfeitamente quais eram as viaturas que o SEAT 1500 tentava replicar quando apareceu em 1963: cantos angulares e proeminentes na sua carroçaria, acabamentos cromados bem cuidados, pneus diagonais com faixa branca no flanco... Hoje, 70 anos depois, o formato da carroçaria a seguir é a dos SUV, tal como o Tarraco que a marca espanhola lançou em 2018.
SEAT 1500: espaçoso, confortável, robusto e exuberante
Com melhor tamanho e preço do que os veículos americanos da época, o 1500 adotou todo o luxo e recursos com que qualquer pessoa sonhava ter num carro. A imprensa da época considerou-o um "chauffeur-driven car", digno de políticos, dirigentes de empresa e pessoas abastadas. Naturalmente, o SEAT 1500 também era direcionado para famílias numerosas, numa altura em que ter seis lugares (o banco da frente permitia três passageiros) não impedia uma ocupação maior. Espaçoso, confortável e com uma grande capacidade de bagageira, não é de estranhar que também fosse um dos modelos preferidos dos taxistas e de todo o tipo de serviços oficiais.
O SEAT 1500 tinha imensos detalhes de conforto que na época despertaram a atenção; tais como o defletor de vento, guarda-sol lateralmente ajustável, espelho na pala do passageiro, porta luvas trancável, luzes de leitura para os passageiros traseiros, apoio para braço central nos bancos da frente, entre outros. Havia também elementos que despertariam atenção nos dias de hoje, tais como o medidor de pressão do óleo do motor, o limpa para-brisas que o condutor podia ativar ao carregar no botão com o pé, ou o conta-quilómetros que faz lembrar um termómetro de mercúrio.
No capítulo da segurança, os travões do 1500 incluíam quatro discos e um potente servofreio. A iluminação foi aclamada pela imprensa automóvel como excelente, em relação à versão original de um único farol, antes de uma profunda reforma em 1969 que deu origem ao modelo de dois faróis. Nesse mesmo ano, a SEAT começou a oferecer a sua primeira gama Diesel, um motor suave de 1,8 litros de fiabilidade comprovada. Esta substituição implicou o rebaptizamento da versão para SEAT 1800 Diesel. Tal como a publicidade da época dizia "este vehículo le hará millonario en kilómetros" ("este veículo fará de si milionário em quilómetros"). Dois anos mais tarde, em 1971, foi criado o SEAT 2000 Diesel, com 55 CV com um motor de dois litros.
Um relógio, ar condicionado e um limpa para-brisa de duas velocidades nunca foram adotados. Estas limitações foram alvo de crítica por parte da imprensa quando, em meados de 1972, a produção do SEAT 1500 foi interrompida. A partir de Abril de 1973, o SEAT 132 seria o encarregado de resolver esses inconvenientes.
SEAT 132: uma revolução discreta
Mais pequeno, mais leve, muito mais aerodinâmico: o SEAT 132 representou um avançando substancial em relação ao SEAT 1500 e foi adaptado às necessidades da época. Dos 130 km/h do 1500, o 132 permitia uma velocidade de até 170 km/h com um motor de 1,8 litros e 160 km/h com o de 1.600, ambos a gasolina.
O SEAT 132 continuou com o layout clássico de um motor dianteiro longitudinal e tração traseira. O eixo traseiro dinâmico removeu a barra Panhard enquanto o 132 recebeu uma suspensão traseira totalmente nova. Além disso, os pneus já eram radiais, o que foi um grande avanço ao nível do comportamento e segurança.
O 132 tinha farol duplo, limpa para-brisas em cor preto mate para evitar reflexos, era equipado com espelho lateral e encosto de cabeça dianteiro de série. Os encostos de cabeça, aliás, proporcionaram debates intensos sobre se induziam ao sono e se prejudicavam a segurança.
O conforto estava bastante presente no 132. Para começar, a imprensa da época destacou que os bancos do SEAT 132 eram ainda mais confortáveis do que os do 1500. Eram mais largos, os estofos eram feitos de um tecido grosso que parecia veludo. Na parte traseira, havia espaço para três pessoas, com bastante espaço para as pernas e um apoio de braço central foi incluído. O equipamento era rico, mas de aparência sóbria, sem preciosismos, exceto a presença de madeira de nogueira no tablier.
SEAT Exeo: um golpe de ingenuidade
A SEAT abandonou o segmento D ou médio-alto em 1980, quando a produção do 132 terminou. Em 2008, foi decidido que havia uma oportunidade ideal de retorno. Um layout com um motor longitudinal seria repetido, mas desta vez a gama de motores e transmissões disponíveis era muito mais ampla. Três motores a gasolina foram selecionados, oferecendo 102, 150 e 200 CV, mais três motores a diesel 2.0 TDI de 120, 143 e 170 CV.
O SEAT Exeo tinha excelentes atributos com um preço acessível. Por exemplo, em termos de segurança, o Exeo incorporou um airbag de joelho para o condutor. Também cuidava do conforto graças a um teto solar. Ao estacionar ao sol a eletricidade que era gerada pelo teto solar acionava o sistema de ventilação, arrefecendo o interior, logo, era necessária uma menor ação do ar condicionado para atingir uma temperatura confortável. Isto tudo, sem gastar energia da bateria.
O percurso de vida do Exeo foi intenso. Em 2009, foi lançada a carroçaria familiar, denominada Exeo ST, um acrónimo para SportsTourer. A partir desse momento, estas duas letras começaram a acompanhar as versões Ibiza e Leon. Em 2010, a gama de motores foi expandida, com duas variantes 1.8 TSI (120 e 160CV) substituindo o 1.8T por cinco válvulas por cilindro; e o 2.0 TFSI trouxe potência para 211 cavalos. Em 2011, foi apresentado o restyling do SEAT Exeo, com novos faróis contendo uma faixa de LED, uma nova grelha e novos designs de jantes. Em 2012, uma variante Ecomotive alcançou um consumo de combustível de apenas 4,5l/100 km.
SEAT Tarraco: Da berlina para o SUV
Desde o primeiro momento que o sucesso do compacto Ateca confirmou que os clientes procuram veículos espaçosos, com uma boa capacidade de bagageira, com equipamentos de conforto e com o mais alto nível de segurança. Assim, nasceu o Tarraco.
Emocionante para conduzir, com motores a gasolina a partir de um 1.5 TSI de 150 cv de potência até um 2.0 TSI de 190 cv ou diesel 2.0 TDI de 150 ou 200 cv. Com a possibilidade de escolher entre transmissões com alteração manual ou DSG de sete mudanças, com tração dianteira ou total 4Drive. Existe também o modelo desportivo recém lançado Tarraco FR. Um carro com interior espaçoso, digitalizado e conectado, com um grande nível de equipamento.
Com iluminação Full LED para mostrar o que já diziam sobre o 1500 na década de 60: "Excellent lights, as usual in this brand" ("Excelentes luzes, como é costume nesta marca"). Luz para guiar o caminho, também, para o resto dos modelos da gama.