Estes últimos dias têm sido só de boas e… belas notícias por parte da Aston Martin, não só com a revelação das versões do novo Vantage (de
estrada e
pista), mas também dos
primeiros esboços das 25 unidades que serão feitas exclusivamente para pista do
hiperdesportivo Valkyrie. Contudo, a marca britânica não deixa que a fortíssima ofensiva de produto e o momento alto por que está a passar a distraia da complexa realidade por que poderá vir a passar, caso o governo do Reino Unido não negoceie condições vantajosas no processo do Brexit. E fala mesmo na possibilidade de… abandonar a Grã-Bretanha!
O responsável financeiro da Aston Martin, Mark Wilson, respondia a questões do comité de negócios da Casa dos Comuns (o parlamento britânico) quando foi bem explícito no que poderá suceder se o governo não conseguir chegar a um acordo com a União Europeia (UE) relativamente ao Brexit antes de Março de 2019. É nessa data que se esgota o limite previsto no Artigo 50 accionado pelo Reino Unido para sair da EU e, a falta de um acordo satisfatório seria, nas palavras de Wilson, "catastrófico", podendo obrigar a Aston Martin a deixar o país!
"Somos uma empresa britânica, produzimos os nossos carros exclusivamente na Grã-Bretanha e vamos continuar a fazê-lo", disse, embora recordando que há problemas específicos que têm de ser rapidamente resolvidos, como a certificação dos automóveis. Até aqui, os automóveis fabricado nos Reino Unido são aprovados pela Agência da Certificação de Veículos local e, por o país pertencer à União Europeia, essa certificação é automaticamente válida em todos os restantes países, bem como aqueles com quem as EU tem acordos.
"Ter de recertificar e solicitar novos tipos de aprovação, seja com os Estados Unidos, com a China ou com a União Europeia significaria, pura e simplesmente, pararmos a produção!", explicou.
Ou seja, tudo isso terá de estar salvaguardado antes de Março de 2019 para que os carros fabricados no Reino Unido possam continuar a ser exportados para outros países.
"Normalmente, o nosso ciclo de produto é de sete anos, portanto deveríamos estar a investir com um antecipação de três anos em novos produtos e cerca de 60% dos nossos fornecedores estão na União Europeia. Portanto estamos numa fase crítica de saber se haveremos de investir nessa cadeia fornecedora e uma clarificação é crucial pra nós".
Além de que ter todos os procedimentos a postos para as novas burocracias que implicarão uma exportação para o continente europeu demorarão cerca de 18 meses a implementar, o que significa que já começou a corrida contra o relógio…
Tudo isto sucede numa fase de grande pujança da marca britânica, não só com a renovação total da sua linha de produtos (é esperado para breve o novo Vanquish), como com a
construção de uma nova fábrica, no sul do País de Gales (numa ex-base aérea), para a construção do primeiro SUV da marca, por enquanto apenas conhecido por DBX, o nome do "concept" que o antecipou. Um investimento que irá criar 4000 postos de trabalho mas que, se de repente falhar por causa de um Brexit… sem saída, poderá ser catastrófico para uma região das mais pobres do Reino Unido!