Tem dois quilómetros de extensão e é, até agora, a mais longa estrada solar ao serviço em todo o Mundo, depois da experiência em curso em França, com um troço de um quilómetro, em Tourouvre dans l’Orne. Fica na China e é a primeira experiência feita numa auto-estrada, tendo duas das três faixas sobertas de painéis com células fotovoltaicas, capazes de produzir energia eléctrica.
Perante a nova realidade automóvel e também ambiental, as estradas são magníficas bases para a produção de energia eléctrica, pela área que ocupam e pela exposição solar a que estão sujeitas. O desafio técnico é, obviamente, de elevada dificuldade, pois não é fácil conciliar as exigências de resistência e aderência do piso de uma estrada com a grande sensibilidade das células ao impacto e à humidade.
Esta auto-estrada chinesa é uma circular à cidade de Jinan, a capital da província de Shandong, cerca de 400 km a sul de Pequim, metrópole com quase 4,7 milhões de habitantes! O troço experimental já foi inaugurado e é composto por três camadas: os painéis solares estão "ensanduichados" entre uma camada de uma espécie de betão transparente que imita as características do asfalto e outra de um isolante que os protege da humidade.
No dia da inauguração, o condutor do miniautocarro que liderou a caravana teve palavras bastante elogiosas em relação à sua experiência:
"Cheguei a passar os 100 km/h e não senti qualquer diferença em relação à auto-estrada normal. E a distância de travagem é praticamente a mesma". E não houve quaisquer reparos em relação a eventual maior ruído de circulação, algo que se verificou na experiência francesa, levando à limitação da velocidade nesse troços aos 70 km/h.
Nesta auto-estrada chinesa, os dois quilómetros "solares" representam 5875 metros quadrados de painéis, com o potencial de gerar um milhão de kW por ano, o suficiente para satisfazer as necessidades diárias de 800 lares. Mas só a electricidade excedentária seria injectada na rede para consumo doméstico, depois de satisfazer as necessidades ligadas à própria mobilidade. E, aí, a imaginação parece ser o limite! A energia produzidas neste troço de testes pode ser usada para a sua iluminação ou para alimentar painéis de sinalização, câmaras de videovigilância ou as máquinas das portagens. Num futuro, até poderá haver um sistema que carregue, por indução (sem fios) os carros eléctricos que passem por estas estradas que terão ainda a capacidade de derreter o gelo que se possa formar nos dias mais frios!
Claro que o investimento numa infraestrutura destas é bastante elevado, basta recordar que o governo francês destinou 5 milhões de euros para o projecto experimental da sua estrada solar… A empresa chinesa que lidera esta experiência, o Qilu Transportation Development Group, anunciou que o custo da tecnologia empregue se ficava pela metade dos custos de projectos similares levados a cabo noutros países. Eis uma tecnologia bem interessante para o nosso país, tendo em conta as horas de exposição solar de que Portugal goza durante o ano!