Ainda agora se está a começar a aventurar no capítulo da electrificação e já a BMW está a projectar a nova "aventura" da era do hidrogénio. Num colóquio realizado em Aachen, dedicado à tecnologia dos motores dos automóveis, um dos responsáveis pelo desenvolvimento da marca de Munique, Klaus Frohlich, revelou que a BMW pretende lançar no mercado um modelo a hidrogénio – vulgarmente designados por "fuel cell" – logo no início da próxima década.
Aquele responsável da BMW colocou, contudo, alguma água na fervura do entusiasmo, explicando que, de início, serão modelos produzidos em séries limitadas e, naturalmente, com preços elevados. Até porque só fará sentido aumentar o volume da produção à medida que a infraestrutura de abastecimento de hidrogénio – actualmente quase inexistente – também se for estendendo.
"A BMW entrará no mercado dos ‘fuel cell’ no início da próxima década, começando com produções muito reduzidas", disse Frohlich.
"Porque, até 2025, os custos continuarão a ser bastante elevados e a infraestrutura de abastecimento de hidrogénio relativamente escassa para permitir uma massificação do mercado. Quando as condições essenciais estiverem reunidas, a BMW também terá produtos que sejam atraentes para os seus clientes".
Um carro a hidrogénio é, basicamente, um automóvel eléctrico que consegue produzir ele próprio a electricidade de que o motor necessita. Consegue-o através de processo químico inverso ao da electrólise da água – a divisão da molécula da água em átomos de hidrogénio e oxigénio –, combinando o hidrogénio que está num depósito com o oxigénio "recolhido" do ar para, numa reacção numa membrana especial, gerar energia eléctrica e vapor de água que é o único gás que sai do escape. Baixar o custo dessa membrana, que utiliza elementos muito caros como a platina (cuja quantidade tem vindo a ser drasticamente reduzida) é um dos grandes desafios.
A tecnologia existe e está em condições de ser utilizada há já vários anos, estando apenas condicionada pelo seu custo ainda elevado e pela ausência de uma rede pública de abastecimento de hidrogénio. Mas a solução "fuel cell" é tida como a mais viável para a mobilidade limpa, dado que os carros eléctricos deixarão de ter de ser recarregados, podendo ser reabastecidos de hidrogénio na bomba, como os actuais modelos a gasolina ou gasóleo. E o hidrogénio poderá ser produzido recorrendo a energias alternativas e limpas.
A BMW tem estado a trabalhar nesta tecnologia com a Toyota e até já construiu dois protótipos, com base no Série 5 GT e no desportivo i8. O "5 GT" tinha um motor de 180 kW (o equivalente a 245 cv e, com um depósito de hidrogénio, conseguia uma autonomia superior a 500 km. Não se sabe ainda se a BMW irá construir um modelo específico para se estrear nos "fuel cell" ou se adaptará algum que tenha na gama, quando chegar a altura.
Refira-se que a Toyota já tem à venda uma berlina familiar a hidrogénio, o Mirai, que no entanto, tem um preço bastante elevado. Estamos a falar de um carro do tamanho de um Avensis e que, na Alemanha, é vendido por 66.000 € antes de impostos…