A BMW está ver-se na contingência de parar as vendas do i3 nos Estados Unidos e, pior ainda, ter de retirar de circulação os 30.000 carros vendidos desde 2014 ou ainda nas concessões! E a que falha tão grave e estruturalmente tão comprometedora se deve esta drástica decisão? Bem… Essa é outra história daquelas que a nós, europeus, nos fazem alguma confusão mas que mostram o temor que mesmo as grandes companhias têm dos processos judiciais nos "States"!
Sucede que, num "crash-test" recente, realizado pela autoridade norte-americana que controla a segurança dos veículos, a National Highway Traffic Safety Administration (NHTSA), o i3 revelou valores ligeiramente acima do limite das cargas sofridas pelo pescoço do condutor no embate frontal numa barreira. Convém dizer que isso só sucedeu com o "dummy" que representava uma mulher de percentil 5 nos Estados Unidos – correspondente a uma estatura de 1,52 m e 49,9 kg – e sem cinto de segurança colocado.
Sem cinto?!, poderá perguntar-se. Pois, porque, dos 50 estados dos EUA, há um, o New Hampshire, em que a liberdade individual de escolha ainda se sobrepõe a qualquer obrigatoriedade de usar aquele sistema de retenção, ou seja, o cinto não é obrigatório. Logo, os testes têm também de contemplar a possibilidade de o condutor não ter o cinto posto e, mesmo assim, o carro tem de o proteger correctamente. O que, convenhamos, é extremamente difícil, pois todos os sistemas de segurança passiva só funcionam correctamente desde que os ocupantes tenham os cintos colocados…
Por outro lado, é muito provável que, se se fizer um cruzamento de dados entre os quase 30 mil proprietários de BMW i3 e quantos deles são mulheres de percentil 5 se chegue a um número irrisório, se é que existe alguma… Mas já se sabe como as coisas funcionam nos "States" e se, por acaso, sucede algum acidente com uma mulher com aquelas características, a marca estará a braços com um processo de largos milhões de dólares por estar a comercializar um carro que já sabia, de antemão, não ser seguro…
Assim, a BMW optou por cortar o mal pela raiz, parando as vendas do i3, tanto na versão exclusivamente eléctrica como na que tem extensor de autonomia, além de recolher os carros já vendidos e os que estão nas concessões. A marca promete uma solução para breve mas não parece muito óbvia de que forma será possível contornar um problema daquela ordem…