Imagine o nosso leitor que é um Tio Patinhas sem saber o que fazer ao dinheiro e que, numa da suas muitas extravagâncias, decide gastar 39,5 milhões de euros por um Ferrari 250 GTO de 1962, um dos super carros mais raros (e mais caros) do planeta.
Única questão? O super carro não tinha a caixa de velocidades original mas o vendedor prontificou-se a consegui-la mais tarde… com prazo marcado para o dia de São Nunca!
A história contada este domingo pelo The Sunday Times envolve Gregor Fisken, um comerciante britânico de super carros clássicos, e Bernard Carl, um proeminente advogado norte-americano que tem por passatempo coleccionar clássicos sobre quatro rodas.
O litígio está agora a ser dirimido num tribunal de Londres, com Fisken a acusar o causídico de não lhe ter entregado uma peça essencial para justificar a cotação do Ferrari.
Carl contra-ataca e afirma que foi o comerciante a violar os termos do contrato para a entrega da transmissão, o que significa que já não tem direito a ela.
Contudo, parece que havia detalhes no negócio que só agora começam a ser percebidos. O advogado explica que o contrato previa que encontrasse alguém com uma caixa de velocidades original para vender, que o conseguiu fazer.
Contudo, seria Fisken a pagar os 22,4 mil euros exigidos pelo vendedor californiano, mais os custos de expedição, algo que não o fez.
Pelo esforço e tempo dispendidos neste processo de "busca", Carl exige agora uma indemnização de 450 mil euros. Ora, Fisken afirma que o advogado tem de entregar a transmissão, ponto final!
Neste bate-boca judicial entre milionários, Carl sublinha que o comerciante perdeu o direito à transmissão manual por ter agido como simples intermediário.
Efectivamente, ficou provado que o Ferrari nem chegou a "aquecer" o lugar no stand de Fisken; foi logo vendido a um coleccionador anónimo!
A luta em tribunal tem todos os ingredientes para se tornar num divertido tira-teimas ou não estivéssemos a falar de um dos modelos mais raros da insígnia italiana.
Apenas 39 unidades do Ferrari 250 GTO foram construídas entre 1962 e 1964, sendo considerado o Santo Graal entre os coleccionadores mais ricos do mundo.
O modelo em causa, com o chassis 3387, foi originalmente construído pela Ferrari para testes, tendo depois sido vendido em 1962 à Luigi Chinetti Motors.
Foi também o primeiro Ferrari 250 GTO a entrar numa competição oficial, com os pilotos Phil Hill e Olivier Gendebien a conquistarem a vitória nas 12 Horas de Sebring na sua classe, e a arrecadarem o segundo lugar absoluto na prova.
Há um ano, a RM Sotheby’s leiloou por 43,4 milhões de euros um dos modelos enquanto em 2014 um outro chegou aos 34 milhões.
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