A Comissão Europeia e o "Bundeskartellamt" (departamento de supervisão germânico) receberam informações sobre um presumível cartel entre os grandes construtores alemães – Audi, BMW, Daimler-Benz, Volkswagen e Porsche – e a União Europeia está a avaliar a situação.
Nesta fase é prematuro fazer qualquer especulação", afirmou um porta-voz do governo alemão.
"A Comissão e as autoridades alemãs que se ocupam da concorrência estão em contacto no quadro da rede da concorrência europeia".
O semanário alemão ‘Der Spiegel’ publicou um dossier com o título "Das Kartel" (O Cartel) e refere que nos últimos 20 anos os maiores construtores alemães teriam acordado vários pontos, entre as quais as emissões, com incidência sobre as dimensões dos reservatórios dos depósitos do aditivo AdBlue, utilizado para reduzir o NOX emitido pela combustão dos diesel. As dimensões foram limitadas a oito litros para reduzir os custos de produção.
Segundo os jornalistas alemães, os patrões das marcas ter-se-ão reunido várias vezes para acordar em conjunto o desenvolvimento de novos modelos, determinar custos e escolher fornecedores externos.
"Colaboraram em segredo como se tratasse de um departamento único da mesma empresa" – é um verdadeiro cartel, afirma o ‘Der Spiegel’.
A notícia foi rapidamente desmentida pela BMW, que afirma nunca ter manipulado as regras, cumprindo sempre com as normas legais em vigor.
"Todos os nosso motores, incluindo os diesel, respeitam a legalidade", afirmou a marca de Munique.
A BMW rejeita categoricamente as acusações sobre emissões, referindo que
"a tecnologia utilizada é diferente da de outros sistemas no mercado. Nós empenhamo-nos em fornecer o melhor sistema de tratamento dos gases de escape. A diferença do nosso sistema passa pela utilização de vários componentes para o tratamento das emissões, pelo que não é necessário fazer nenhuma chamada aos clientes para alterar o software dos motores Euro 6 da BMW".
O trabalho do ‘Der Spiegel’ foi publicado poucos dias depois do anúncio da Mercedes (seguida pela Audi) sobre a "chamada" de 3,85 milhões de veículos para um "upgrade" do software.
Esta notícia já atravessou o Atlântico e o Departamento de Justiça dos Estados Unidos anunciou que está a recolher todas as informações para se poder pronunciar. O interesse do Governo americano foi revelado pela "Bloomberg" que refere que até este momento não foram abertos nenhuns procedimentos formais, mas o caso está a ser acompanhado com a maior atenção. Esta investigação pode vir a abrir uma nova frente neste processo, tanto mais que nos Estados Unidos as normas anti-poluição são mais apertadas do que na Europa.