A aberrante fiscalidade automóvel que temos em Portugal cria distorções entre o mercado nacional e o dos restantes membros da União Europeia. Exemplos não faltam, mas o mais recente tem a ver com a segunda geração do Range Rover Evoque que está a chegar ao mercado.
Em Espanha, a versão mais barata do modelo da marca de Solihull é o 2.0 D4 com o motor diesel de 150 cv, caixa manual e tracção dianteira. O preço começa nos 40.000 €.
Em Portugal, o mesmo modelo custa 55.091 € (mais 15.091 €). O mais barato é o 2.0 P4, com caixa automática e tracção total permanente, cujo preço começa nos 54.081 €, em contraste com os 48.450 € (menos 5.631 €) que a mesma oferta custa em Espanha.
Está confuso?... É natural, mas vamos por partes…
A explicação para o facto da versão mais barata em Portugal ser mais equipada e mais potente passa pelo motor híbrido com base num bloco a gasolina ter benefícios fiscais.
Se pensarmos apenas nas versões mais baratas nos dois países temos 14.081 € de diferença, apesar de em qualquer dos casos sejam vendidos pela mesma entidade (Jaguar-Land Rover Ibérica) que pratica os mesmos preços antes de impostos, nos dois países.
Por isso é fácil concluir que o lucro de uma diferença de preços que permitiria comprar um Renault Clio Zen com um motor TCe de 75 cv – é o Ministério da Finanças, para quem o sector automóvel foi e continua a ser uma "galinha dos ovos de ouro".